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    Plebiscito britânico

    May indica 'brexit' duro e Reino Unido deve deixar mercado comum europeu

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    17/01/2017 10h52

    Theresa May, premiê britânica, disse nesta terça-feira (17) que não está interessada em um acordo que deixe o Reino Unido "meio dentro, meio fora" da União Europeia.

    Com isso, ela indicou que prefere o que analistas têm chamado de "brexit duro", em que o Reino Unido retomará o controle de suas fronteiras e abandonará o mercado comum europeu.

    May disse não querer ser "membro parcial" da união "ou qualquer coisa que nos deixe meio dentro, meio fora" dela. "Nós não buscamos nos agarrar a pedaços da associação enquanto saímos."

    Kirsty Wigglesworth/Reuters
    A primeira-ministra britânica, Theresa May, fala sobre o 'brexit' na Lancaster House, em Londres, nesta terça
    A premiê britânica, Theresa May, fala sobre o 'brexit' na Lancaster House, em Londres, nesta terça

    Em vez do mercado comum, ela propôs chegar a um acordo de livre comércio com a União Europeia. Ela afirmou que já há países interessados em acordos de comércio com o Reino Unido, citando o Brasil.

    Esse foi seu primeiro grande discurso desde o plebiscito que decidiu o "brexit", em junho. A premiê era criticada por não ter apresentado uma visão clara do processo.

    May delineou algumas de suas estratégias para quando enfim acionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, dando o início formal à separação.

    Ela reiterou que o Reino Unido vai de fato retirar-se da união, em resposta aos pedidos de um segundo plebiscito. May deve dar início à saída até o fim de março.

    O processo tomaria até dois anos. May anunciou, em seu discurso, que o Parlamento irá votar o acordo final antes que entre em vigor. Ela propôs, também, uma transição feita em fases.

    A opção por um "brexit duro" preocupa investidores. O mercado comum europeu, que o Reino Unido pretende deixar, congrega 500 milhões de consumidores.

    A decisão causa ansiedade, por exemplo, para exportadores —que perderão o acesso livre ao mercado— e para bancos britânicos que servem clientes no bloco.

    A isso se somaria o controle das fronteiras, as restrições ao movimento de cidadãos europeus e a saída da Corte Europeia de Justiça. O controle à migração foi justamente um dos temas centrais do voto pelo "brexit", em campanhas aversas à circulação de pessoas.

    VALORES

    Apesar das sugestões de um "brexit duro", May apresentou uma visão em que o Reino Unido será "global". Ela disse que o Reino Unido é hoje uma das nações mais multiculturais na Europa.

    "Quero que sejamos um país seguro, próspero e tolerante. Um ímã para talento internacional e um lar para os pioneiros e inovadores que vão moldar o mundo."

    A premiê britânica afirmou, também, que o voto por deixar a União Europeia "não foi uma rejeição dos valores que compartilhamos". "[A decisão] não representa um desejo de nos tornarmos mais distantes de vocês, nossos amigos e vizinhos."

    DOMINÓ

    Espera-se que as negociações do "brexit" sejam as mais complicadas na história europeia desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e que afetem não apenas o futuro do Reino Unido, mas o de todo o bloco econômico.

    Há temores, por exemplo, de que outros países sigam o exemplo britânico e deixem a união. Marine Le Pen, da extrema direita francesa, pode defender essa decisão caso seja eleita à Presidência nas eleições de abril.

    Donald Trump, presidente eleito dos EUA, afirmou em entrevista publicada no final de semana que o "brexit" terá consequências positivas e que outras nações podem tomar o mesmo caminho. Ele ofereceu um acordo bilateral com o Reino Unido após sua posse, na sexta (20).

    Em uma aparente resposta aos comentários de Trump, porém, May afirmou durante seu discurso que o Reino Unido torce para o sucesso da União Europeia, e não para o seu desmoronamento.

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