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    CIA libera 11 mil documentos secretos em que Brasil foi mencionado

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    19/01/2017 02h00

    A CIA, a agência de inteligência dos EUA, liberou para acesso público na internet, nos últimos três meses, cerca de 11,1 mil documentos que mencionam o Brasil.

    Eles integram uma massa de estimadas 13 milhões de páginas de documentos anteriormente classificados com algum grau de sigilo.

    Izabel Cristina - 10.ago.1986/Folhapress
    O então deputado Luiz Inácio Lula da Silva, em 1986; CIA monitorava expansão do PT para o exterior
    O então deputado Luiz Inácio Lula da Silva, em 1986; CIA monitorava expansão do PT para o exterior

    Os documentos sobre o Brasil foram produzidos da década de 40 até o ano de 1990. Até novembro passado, a CIA havia liberado à consulta na internet apenas cerca de 900 documentos que mencionavam o Brasil.

    Os documentos arquivados pela CIA são variados: telegramas, recomendações sobre política externa, análises semanais e anuais sobre o país e artigos de jornal.

    Em julho de 1986, a CIA produziu um relatório secreto no qual tratou, em seis páginas, dos esforços do PT para deixar de ser um mero "partido de operários" para formar uma base de militância maior e conquistar eleitores mais jovens, além de ampliar contatos no exterior.

    Segundo a CIA, o líder do PT Luiz Inácio Lula da Silva estava "intensificando tratativas" com o ditador de Cuba Fidel Castro, de quem o petista seria "franco admirador".

    "Com o objetivo de expandir a influência cubana no Brasil após a transição de governo para o regime civil, Castro hospedou o líder do PT duas vezes em 1985 e de novo em fevereiro de 1986, durante o 3º Congresso do Partido Comunista Cubano", diz o texto. E Castro "apresentou Lula ao embaixador da Alemanha Oriental" por volta de 1985, em Havana.

    Os documentos da CIA mostram ainda um grande interesse sobre programas espaciais e projetos de produção de armas no Brasil. Um papel de 1988 analisa o anúncio de criação de uma empresa para fabricação de mísseis chamada Orbita, "fortemente apoiada pelo governo e militares".

    "Orbita enfrenta alguns significativos obstáculos, tendo em vista que suas previsões financeiras são nebulosas", dizia a CIA. A fábrica foi desativada em meados dos anos 90.

    Em "relatório especial" secreto de março de 1970, a CIA expressa simpatia à figura do general ditador Emilio Garrastazu Médici (1905-1985) e classifica denúncias de torturas contra padres no Brasil como "alegados casos".

    "As Forças Armadas aparentam estar determinadas a permanecer no controle do Brasil pelos próximos quatro anos, pelo menos", diz o estudo. Ficaram por mais 15.

    URI GELLER E ÓVNIS

    Parte dos documentos relata o programa americano Stargate, que fazia testes psíquicos e de atividades extrassensoriais. Um dos experimentos foi conduzido em 1972 com o israelense Uri Geller, que afirmava ter poderes paranormais. Ele ficava em uma sala e era orientado a reproduzir desenhos que pessoas faziam em outro cômodo.

    Geller os teria replicado com alto grau de precisão, o que levou a CIA a dizer que ele "exibiu habilidade perceptiva paranormal de modo contundente".

    Outros papéis falam de registros de supostas aparições de discos voadores.

    Uma parte dos documentos agora colocados na internet já estava disponível para consulta de pesquisadores, mas apenas em papel e após pedido por meio da lei de acesso à informação norte-americana.

    Os papéis podem ser consultados por palavras-chave, ano de produção ou de liberação, no site.

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