• Mundo

    Sunday, 05-May-2024 15:00:53 -03

    Governo Trump

    Trump e líder britânica devem dedicar 1º encontro a comércio e terrorismo

    GEORGE PARKER
    DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
    DEMETRI SEVASTOPULO
    DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON

    27/01/2017 07h00

    Espera-se que Theresa May e Donald Trump ponham o comércio e a luta contra o terrorismo no centro do seu primeiro encontro nesta semana, na medida em que tentam gerir potenciais tensões em outras áreas da nova relação.

    A primeira-ministra britânica é o primeiro líder estrangeiro a visitar o novo presidente dos EUA após tomar posse, e ambos lados estão ansiosos para fazer do encontro na Casa Branca um sucesso.

    Christopher Furlong/Getty Images/AFP
    A primeira-ministra britânica, Theresa May, participa de encontro com jovens republicanos na Filadélfia
    A primeira-ministra britânica, Theresa May, participa de encontro com jovens republicanos na Filadélfia

    Diplomatas vão observar a reunião em busca de pistas sobre as verdadeiras prioridades de Trump em política externa.

    Autoridades britânicas dizem que May espera conseguir o firme compromisso de Trump em relação a um acordo comercial entre os EUA e o Reino Unido quando o Reino Unido deixar a União Europeia e espera que o presidente se comprometa a trabalhar com aliados ocidentais na luta contra o terrorismo.

    Enquanto isso, os aliados de Trump disseram à equipe de May que eles poderiam "realizar um acordo comercial em uma semana" e ver um acordo entre o Reino Unido e os EUA como um sinal de que o presidente pode fazer acordos e não está fechado para o comércio global —desde que apresente termos favoráveis.

    No entanto, Trump até agora assumiu uma postura protecionista e é provável que um acordo comercial com o Reino Unido —particularmente quando se toca no assunto eternamente difícil das exportações agrícolas— seja mais problemático do que a retórica de manchete de jornal sugere.

    O foco em comércio e segurança na reunião de sexta-feira tem como objetivo proporcionar um bom começo à relação May-Trump: o presidente dos Estados Unidos disse à primeira-ministra que espera reproduzir a parceria entre Margaret Thatcher e Ronald Reagan nos anos 80.

    Mas May disse ao Financial Times na semana passada que "não é do tipo que anda por aí com um modelo que deseja imitar do passado" e também prometeu ser "muito franca" em questões onde há desacordo com o novo presidente.

    May informará Trump que, embora a Grã-Bretanha esteja deixando a UE, ela não compartilha o aparente entusiasmo do presidente pelo desmembramento do clube europeu.

    Ela também vai lhe pedir que não diminua o apoio dos EUA à OTAN —o Reino Unido tem equipes militares nos países bálticos— e manifestará suas preocupações em relação ao expansionismo russo.

    A primeira-ministra também disse que alguns dos comentários de Trump sobre as mulheres são "inaceitáveis". O impetuoso magnata de propriedades de Nova York e a reservada filha de um vigário de um subúrbio abastado não são uma combinação natural de personalidades.

    No entanto, a equipe avançada de May —ela enviou seus dois chefes de gabinete Fiona Hill e Nick Timothy para Nova York— relatou entusiasmo por parte do presidente em fazer com que a relação EUA-Reino Unido seja um sucesso.

    Boris Johnson, ministro das Relações Exteriores, também se encontrou neste mês com o estrategista-chefe de Trump, Steve Bannon, e seu genro Jared Kushner, durante três horas de conversas na Trump Tower, para preparar o terreno para a visita.

    Capitais no mundo inteiro estarão observando a reunião em busca de evidências de que Trump esteja prestes a embarcar em uma mudança na política externa, sob o mantra de "os Estados Unidos em primeiro lugar".

    O Reino Unido tem sido um aliado excepcionalmente próximo dos EUA há décadas, mas o primeiro-ministro britânico havia ficado ofuscado nos últimos oito anos, quando o presidente Barack Obama terminou considerando Angela Merkel, a chanceler alemã, uma parceira mais confiável.

    Trump, no entanto, chocou os especialistas em política externa ao adotar uma postura crítica em relação a Merkel antes de assumir o cargo, colocando-a, basicamente, em pé de igualdade com o presidente Vladimir Putin, da Rússia.

    "Começo confiando em ambos —mas vamos ver quanto tempo isso vai durar, pode não durar muito", disse Trump em uma entrevista recente, em que considerou a UE um "veículo para a Alemanha".

    Trump também interferiu na política britânica ao sugerir, em determinado momento, que Downing Street deveria considerar substituir Kim Darroch, embaixador em Washington, por Nigel Farage, ex-líder do Ukip.

    May vai se tornar o segundo líder estrangeiro a se encontrar com Trump desde a sua eleição, seguindo os passos de Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês, que se encontrou com Trump em Nova York em novembro.

    "Sempre tivemos uma relação especial com o Reino Unido", disse Sean Spicer, secretário de imprensa da Casa Branca, nesta semana. "Ele teve uma ótima conversa com ela e está ansioso para recebê-la aqui. Mas sempre é possível estar mais próximos."

    O presidente já decidiu quem será seu embaixador em Londres e elegeu Woody Johnson, bilionário dono da equipe de futebol americano New York Jets, que foi a terceira pessoa escolhida para representar Trump no exterior depois de seus enviados para China e Israel.

    Tradução de DENISE MOTA

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024