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    Empresário que apresentou Trump a Melania quer aproximá-lo do Brasil

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

    29/01/2017 02h00 - Atualizado às 08h24
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    Ele apresentou a modelo eslovena Melania Knauss ao então bilionário do setor imobiliário Donald Trump, 19 anos atrás. E agora promete ser um embaixador de Assuntos Brasileiros junto à primeira-família dos EUA.

    "Quero ser conhecido como o amigo brasileiro do presidente e da primeira-dama", diz o italiano Paolo Zampolli, 46, casado com a ex-modelo brasileira Amanda Ungaro, 31, e pai de Giovanni, 7, que tem passaporte brasileiro.

    Zampolli era dono da agência de modelos Metropolitan quando contratou Melania em Milão e a levou para os EUA. Já em Nova York, em 1998, o italiano organizou uma de suas famosas festas cheias de modelos.
    Convidou Trump, outro habitué de noitadas com belas mulheres, para se sentar à sua mesa. Melania, amiga da namorada de Paolo na época, estava lá. "Melania, esse é o Donald; Donald, essa é a Melania", disse.

    Arquivo Pessoal
    Donald e Melania Trump com Paolo Zampolli e Amanda Ungaro, em 31 de dezembro de 2016
    Donald e Melania Trump com Paolo Zampolli e Amanda Ungaro, em 31 de dezembro de 2016

    Deixou os dois na mesa e foi cuidar dos seus "300 convidados". Duas semanas depois, Trump foi com Melania a um jantar em homenagem ao estilista Roberto Cavalli, na casa de Zampolli.

    "Melania é deslumbrante, faz o tipo de qualquer homem. Mas eu fiquei surpreso quando os vi juntos tão rapidamente", diz Paolo, que se arrisca no português.

    Segundo ele, Melania sempre foi muito reservada –foi a Nova York trabalhar, só ia a baladas quando era obrigada, como as festas da agência. "Ela era madura, tinha 24 anos, não era como aquelas modelos de 14 anos do meio do Brasil", lembra Zampolli.

    Depois do golpe de mestre de cupido, Zampolli foi convidado por Trump para ser diretor de desenvolvimento na Trump Organization e iniciou sua carreira no ramo imobiliário. Não ficou na empresa muito tempo, mas os dois mantiveram a amizade.

    Zampolli casou-se com a modelo brasileira Amanda, filha de uma escrivã de cartório em Londrina, quando ela tinha 19 anos. "Ela é mais alta que eu [ela tem 1,82m e ele jura que tem 1,80m], mas cabe na cama, temos uma cama enorme", especifica.

    Amanda conheceu a primeira-família quando começou a namorar com Zampolli e os dois pegaram carona no avião de Trump para Palm Beach, na Flórida.

    "Nunca imaginava que ele fosse virar presidente, mas na campanha, quando comecei a ver todo mundo dizendo que queria mudança, vi que ele ia ganhar", diz.

    A ligação de Zampolli com o Brasil é antiga. Sua agência representava modelos como Ana Hickmann, Gianne Albertoni e Fernanda Motta. Ele foi sócio do Café de La Musique, point da juventude endinheirada em Florianópolis.

    Fez parceria até com Eike Batista –em uma empresa de combustível renovável que não saiu do papel. "Ele disse que a gente ia faturar US$ 7 bilhões, mas aí começou a ir tudo por água abaixo."

    Agora, mais uma vez Zampolli se associa a um brasileiro. Junto com Mario Garnero, fundador do grupo Brasilinvest, planeja construir uma universidade para 6.000 alunos na Flórida. O projeto é de Zaha Hadid, arquiteta vencedora do prêmio Pritzker, que morreu no ano passado.

    "Vamos criar 10 mil empregos com esse projeto, o presidente Trump vai ficar muito feliz com o Brasil. É o primeiro passo para a aproximação com o Brasil", diz.

    Segundo Mario Garnero, a universidade terá investimento de US$ 250 milhões e deve focar em alunos brasileiros.

    Filho de um industrial de Milão, Zampolli vendeu seus negócios para uma empresa de Silvio Berlusconi e mora em uma townhouse de 1.100 metros quadrados no superexclusivo Gramercy Park, em Manhattan, avaliada (por ele) em US$ 20 milhões.

    Os dois usavam ternos da marca italiana Brioni na festa de Réveillon deste ano em Mar-a-Lago, o clube de golfe de Trump em Palm Beach.

    "Passei o Ano-Novo sentado ao lado do presidente e da primeira-dama, na mesma mesa, é um pouco diferente de ser só um entre 800 convidados", esclarece Zampolli.

    Segundo o italiano, Amanda e a primeira-dama americana se dão muito bem. "Elas têm os mesmos valores, as duas têm filhos e cuidam muito bem deles", diz.

    Na posse, Zampolli e Amanda tiveram tratamento VIP –sentaram na mesa dos convidados da primeira-dama no jantar, participaram da cerimônia de posse, foram ao baile oficial Liberty Ball e, depois, à reunião íntima para "amigos e família" no Trump International Hotel. "Trump continua igualzinho, supersimpático ", disse Amanda.

    No jantar na véspera da posse de Trump, o então futuro presidente mais uma vez agradeceu Paolo: "Tudo graças a você, que nos apresentou", disse Trump a Zampolli, segundo o italiano.

    Trump também é grato porque Zampolli apagou um incêndio no meio da campanha. Ele foi a público dizer que tinha patrocinado o visto de trabalho de Melania quando ela chegou aos EUA, desmentindo rumores de que ela trabalhou ilegalmente como modelo. Uma das primeiras medidas de Trump foi aumentar a fiscalização sobre estrangeiros ilegais.

    "Conheço Paolo Zampolli desde 1995 quando nos conhecemos na agência de modelos. Paolo era um agente muito profissional e continua a ser meu amigo até hoje", disse Melania em agosto.

    Ele ainda teve fôlego para ser anfitrião de uma festa pós-baile da posse, com Steve Forbes (ex-presidenciável, dono da revista "Forbes").

    "A festa não tinha celebridades, mas tinha muito gente bonita, pessoas muito maravilhosas, gente muito bonita", descreveu, soando exatamente como seu amigo (menos o sotaque italiano). "Eu e o presidente Trump pensamos grande, nós dois gostamos de coisas bonitas."

    Zampolli, apesar de ser italiano, é embaixador da Dominica, ilha-país no Caribe com 72 mil habitantes, junto à ONU. Sua mulher, Amanda, é embaixadora de Granada, outra ilha caribenha (de 100 mil habitantes) junto à ONU.

    Eles foram indicados pelos premiês para os cargos. "Nossa rede de relacionamentos é considerada um ativo, nós conseguimos gerar negócios e levar investimentos."

    Você conseguiria convencer Trump, que chamou a ONU de "clube para as pessoas se divertirem", de que a organização é importante?

    "O presidente Trump se dá bem com a Rússia, então os russos não vão mais bloquear as resoluções do Conselho de Segurança e a ONU vai conseguir avançar muito em resolução de conflitos e combate ao terrorismo."

    Seu cargo na ONU não é remunerado, então ele continua trabalhando no ramo imobiliário. Intermediou a venda de uma casa de US$ 35 milhões em Nova York para a monarquia do Qatar.

    Para seus negócios, ele tem a ajuda de um brasileiro, o campineiro Fabrício Pereira, há 15 anos. "Ele é muito competente", diz, sem saber por quanto tempo poderá contar com seu braço direito. "Será que o Trump vai te mandar de volta?", pergunta ao funcionário, aos risos.

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