A Alemanha cometeu erros com sua política de "portas abertas" que permitiu a entrada de mais de um milhão de imigrantes refugiados no país nos últimos dois anos, afirmou o ministro das finanças alemão, Wolfgang Schaeuble. Ele acrescentou que o governo está tentando aprender com seus erros.

"Nós estamos tentando melhorar o que fugiu do nosso controle em 2015", afirmou ao jornal alemão "Welt am Sonntag". "Nós, políticos, somos humanos. Também cometemos erros. Mas pelo menos podemos aprender com eles."

Schaeuble é membro do partido União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, que perdeu apoio da população para o grupo anti-imigrantes Alternativa para Alemanha (AfD) depois de uma série de ataques terroristas.

O AfD está prestes a se tornar o terceiro maior partido nas eleições parlamentares de setembro.

A imigração também dividiu a União Europeia, com muitos países se recusando a receber refugiados.

Schaeuble disse que a Europa precisa equilibrar seus benefícios sociais para conseguir uma distribuição mais equitativa de imigrantes entre os membros da União Europeia, um assunto que ele diz que, até aqui, é considerado tabu na Alemanha.

"Nós temos padrões muito altos de benefícios sociais que a maioria dos países da Europa. Esse é o motivo de tantos quererem vir para a Alemanha", disse.

Schaeuble também se disse cético sobre o estilo de governar do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que espalhou preocupação entre líderes europeus com seus decretos sobre imigração e cancelamento de acordos de comércio.

"Nos Estados Unidos, agora podemos ver como alguém agindo como ele pode fazer qualquer coisa muito rapidamente. E isso não terá bons resultados", afirmou o ministro alemão.

Uma pesquisa realizada no começo de janeiro mostrou que a política para refugiados será o principal ponto para eleitores em setembro.

Merkel, que está na disputa pelo quarto mandato, conversou com Trump por telefone neste sábado. Trump considerou a decisão de Merkel, tomada em agosto de 2015, de manter as fronteiras abertas a refugiados como um "erro catastrófico".

Em setembro do ano passado, após a derrota do UCD na eleição em Berlim, Merkel afirmou que desejaria poder voltar atrás na crise dos refugiados, mas parou de repetir que sua política foi um erro.

Merkel rejeitou pedidos de membros de seu partido na Bavária para impor um limite à imigração, mas agora está pressionando por maior agilidade ao enviar de volta a seus países refugiados que não tiveram pedido de asilo aprovado, assim como está adotando medidas para prevenir migração semelhante da África.