Benoît Hamon, ex-ministro da Educação, venceu neste domingo (29) as primárias da esquerda francesa. Ele representará o Partido Socialista nas eleições presidenciais disputadas em abril e maio.
Hamon recebeu 58,6% dos votos, segundo os resultados preliminares. O ex-premiê Manuel Valls, em segundo lugar, recebeu 41,3%.
Christian Hartmann/Reuters | ||
Benoît Hamon, ex-ministro da Educação, comemora a vitória nas primárias da esquerda francesa |
Valls reconheceu a derrota às 21h (18h em Brasília) e disse que Hamon, a quem desejou sorte, "é o candidato de nossa família política".
As sondagens, no entanto, não preveem um cenário auspicioso para esse candidato socialista, que a julgar pelos levantamentos chegaria apenas em quinto lugar.
As pesquisas por enquanto apontam que as eleições devem ser decididas por dois representantes da direita.
Espera-se que François Fillon, do partido Republicanos (centro-direita), e Marine Le Pen, da Frente Nacional (extrema-direita), vençam o primeiro turno em 23 de abril e disputem a segunda rodada em 7 de maio. Fillon deve, nesse cenário, ser eleito.
O centrista Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon, da extrema-esquerda, devem superar o socialista Hamon.
As previsões podem, por outro lado, ser alteradas pelos próximos meses de campanha. Fillon, em especial, enfrenta um desafio: ele foi acusado na semana passada de pagar sua mulher por um emprego público fantasma.
Não houve pesquisas de intenção de voto desde o surgimento do escândalo.
RENDA MÍNIMA
Hamon, 49, deixou o governo do presidente François Hollande em 2014 como um desafeto. Ele discordava da guinada dada por Hollande e seu premiê, Valls, rumo á direita -em especial, na economia, com medidas favoráveis ao empresariado.
Os eleitores parecem ter sinalizado, ao escolher Hamon como novo candidato socialista, querer direcionar o partido a uma esquerda um pouco mais radical.
Uma das principais propostas de Hamon é entregar uma renda mensal mínima equivalente a R$ 2.500 a todos os adultos franceses.
Ele também propõe aumentar o salário mínimo em 10%, limitar o salário de executivos, legalizar a maconha e buscar uma aliança militar alternativa à Otan.
POPULISMO
Hamon chega a estas eleições após cinco anos de governo socialista de Hollande, que tem um recorde de impopularidade. Hollande decidiu, em um gesto incomum nesse país, nem ao menos concorrer à reeleição.
A centro-esquerda está em crise em toda a Europa. Siglas como o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) tem murchado, nos últimos anos, dando espaço a grupos populistas tanto de esquerda quanto de direita.
O voto nas primárias era aberto, condicionado apenas ao comprometimento dos eleitores aos "ideais da esquerda" e ao pagamento do equivalente a R$ 3,40. Concorriam o Partido Socialista e outras siglas menores.