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    Cafeteria de aeroporto em Nova York vira QG de ajuda a estrangeiro

    RENATA CAFARDO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

    30/01/2017 02h00

    A cafeteria do terminal 4 do Aeroporto JFK, em Nova York, foi transformada neste domingo (29) em um escritório de ajuda a estrangeiros. Dezenas de advogados voluntários passaram o dia prontos para fazer petições e liberar quem fosse barrado na imigração depois do decreto baixado pelo presidente Donald Trump.

    A medida suspende a entrada de todos os refugiados nos EUA por um prazo de 120 dias e proíbe por 90 dias a entrada de qualquer indivíduo de sete países de maioria muçulmana: Síria, Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Somália e Sudão.

    Mike Theiler/Reuters
    Advogados oferecem auxílio gratuito em aeroporto dos EUA
    Advogados oferecem auxílio gratuito em aeroporto dos EUA

    No fim da tarde deste domingo, 14 estrangeiros inicialmente detidos haviam sido liberados e outros seis ainda estavam presos na imigração, de acordo com Camille Mackler, da New York Immigration Coalition, que coordenava o grupo.

    Uma das voluntárias estava com seu bebê de 10 meses. Além dos advogados, havia tradutores no local.

    O grupo trabalhava a partir de informações dadas pelos pessoas que chegavam para buscar seus parentes e percebiam que eles não haviam desembarcado. Instalados com computadores na mesa da cafeteria Central Diner, os advogados também procuravam pelo Google os voos que deveriam chegar ao JFK para identificar possíveis problemas com estrangeiros.

    O advogado Luis Mancheno atendeu dois iranianos, um pai e um filho, que ficaram por 33 horas na imigração do JFK e foram liberados na tarde de ontem. "Eles não tiveram cama para dormir e foram obrigados a assinar um documento dizendo que seriam deportados e não poderiam entrar nos Estados Unidos durante cinco anos", disse Mancheno.

    Um deles estava vindo a Nova York visitar o neto que acabara de nascer -o outro é o tio do bebê. Eles acabaram sendo beneficiados pela decisão de uma juíza de Nova York que determinou que a deportação de estrangeiros é ilegal. O grupo afirma que vai manter contato com os estrangeiros liberados –a quem já chamam de clientes– para tentar garantir que permaneçam nos Estados Unidos pelo tempo permitido em seus vistos.

    O grupo estava também presente no corredor de desembarque dos terminais. Voluntários carregavam cartazes que perguntavam "você precisa da ajuda de um advogado?" e encaminhavam os estrangeiros para o local onde estavam os advogados de plantão. Pria Gandhi, filha de indianos, estava desde as 9 horas da manhã no aeroporto na área do desembarque fazendo esse trabalho.

    "Na imigração, não avisam a eles que têm direito a ajuda jurídica, estamos aqui para assegurar que os estrangeiros serão tratados com respeito", contou à Folha. "Estou cansada de ficar em pé o dia todo, mas acho que estou fazendo a coisa certa".

    Segundo a representante da New York Immigration Coalition, advogados ficaram durante a madrugada de sábado para domingo atendendo estrangeiros com problemas.

    Alguns precisaram de petições para a Suprema Corte para serem liberados. "Nunca aconteceu algo assim, sempre que a política de imigração mudava havia um manual do que iria acontecer, quais eram as regras. Agora não sabemos de nada."

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