Kellyanne Conway, uma das principais assessoras do presidente Donald Trump, inventou um ataque terrorista que nunca ocorreu nos EUA, além de citar um suposto veto do ex-presidente Obama a refugiados iraquianos que também não existiu.
A declaração foi dada em entrevista nesta quinta-feira (2) à rede MSNBC, na qual Conway defendia o decreto anti-imigração de Trump que barrou a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos e refugiados sírios.
"Eu aposto que é uma informação novíssima para as pessoas que o presidente Obama teve um veto de seis meses a refugiados iraquianos depois que dois iraquianos vieram para este país, foram radicalizados e foram as mentes por trás do massacre de Bowling Green. Isso não foi mostrado", disse Conway.
Tasos Katopodis - 27.jan.2017/AFP | ||
A assessora do presidente Trump Kellyanne Conway fala na Marcha pela Vida, evento antiaborto |
Não houve, porém, um "massacre de Bowling Green". Conway provavelmente se referia aos iraquianos Waad Ramadan Alwan e Mohanad Shareef Hammadi, que moravam em Bowling Green, no Estado do Kentucky.
Os dois entraram nos EUA em 2009 com o status de refugiados. Dois anos depois, foram presos sob suspeita de terrorismo e condenados a dois anos de prisão após se declararem culpados.
Os dois homens foram monitorados pelas autoridades americanas desde que entraram no país. Segundo documentos do processo, eles disseram a um informante do FBI disfarçado que pretendiam fornecer armas e explosivos para a rede terrorista Al Qaeda no Iraque.
A investigação encontrou impressões digitais de Alwan em um dispositivo explosivo improvisado e concluiu que o processo de checagem durante a entrada de ambos nos EUA não funcionou como deveria.
Em resposta, o governo Obama ordenou que cerca de 58 mil refugiados iraquianos recentemente admitidos no país fossem reexaminados, o que afetou o ritmo de análise de novos pedidos.
O programa de refugiados iraquianos, contudo, não foi interrompido, como foi feito por Trump em relação aos refugiados sírios desde a semana passada.
Não há evidências, ainda, de que a dupla de iraquianos de Bowling Green planejasse um ataque em solo americano. Nenhuma pessoa foi morta por Alwan e Hammadi nos Estados Unidos.
Mais tarde, Conway pediu desculpas em uma rede social, afirmou que se confundiu e que pretendia dizer "terroristas de Bowling Green". Ela não se pronunciou sobre a incorreção em relação ao veto de Obama a refugiados iraquianos.