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    Governo Trump

    Assessora de Trump inventa ataque terrorista nos EUA em entrevista

    DE SÃO PAULO

    03/02/2017 10h47 - Atualizado às 15h21

    Kellyanne Conway, uma das principais assessoras do presidente Donald Trump, inventou um ataque terrorista que nunca ocorreu nos EUA, além de citar um suposto veto do ex-presidente Obama a refugiados iraquianos que também não existiu.

    A declaração foi dada em entrevista nesta quinta-feira (2) à rede MSNBC, na qual Conway defendia o decreto anti-imigração de Trump que barrou a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos e refugiados sírios.

    "Eu aposto que é uma informação novíssima para as pessoas que o presidente Obama teve um veto de seis meses a refugiados iraquianos depois que dois iraquianos vieram para este país, foram radicalizados e foram as mentes por trás do massacre de Bowling Green. Isso não foi mostrado", disse Conway.

    Tasos Katopodis - 27.jan.2017/AFP
    A assessora do presidente Trump Kellyanne Conway fala na Marcha pela Vida, evento antiaborto
    A assessora do presidente Trump Kellyanne Conway fala na Marcha pela Vida, evento antiaborto

    Não houve, porém, um "massacre de Bowling Green". Conway provavelmente se referia aos iraquianos Waad Ramadan Alwan e Mohanad Shareef Hammadi, que moravam em Bowling Green, no Estado do Kentucky.

    Os dois entraram nos EUA em 2009 com o status de refugiados. Dois anos depois, foram presos sob suspeita de terrorismo e condenados a dois anos de prisão após se declararem culpados.

    Os dois homens foram monitorados pelas autoridades americanas desde que entraram no país. Segundo documentos do processo, eles disseram a um informante do FBI disfarçado que pretendiam fornecer armas e explosivos para a rede terrorista Al Qaeda no Iraque.

    A investigação encontrou impressões digitais de Alwan em um dispositivo explosivo improvisado e concluiu que o processo de checagem durante a entrada de ambos nos EUA não funcionou como deveria.

    Em resposta, o governo Obama ordenou que cerca de 58 mil refugiados iraquianos recentemente admitidos no país fossem reexaminados, o que afetou o ritmo de análise de novos pedidos.

    O programa de refugiados iraquianos, contudo, não foi interrompido, como foi feito por Trump em relação aos refugiados sírios desde a semana passada.

    Não há evidências, ainda, de que a dupla de iraquianos de Bowling Green planejasse um ataque em solo americano. Nenhuma pessoa foi morta por Alwan e Hammadi nos Estados Unidos.

    Mais tarde, Conway pediu desculpas em uma rede social, afirmou que se confundiu e que pretendia dizer "terroristas de Bowling Green". Ela não se pronunciou sobre a incorreção em relação ao veto de Obama a refugiados iraquianos.

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