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    'Há corrupção no Vaticano', admite papa Francisco em entrevista

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    09/02/2017 14h03 - Atualizado às 21h04

    Alberto Pizzoli - 5.fev.2017/AFP
    O papa Francisco acena para a multidão na praça de São Pedro da janela do palácio apostólico
    O papa Francisco acena para a multidão na praça de São Pedro da janela do palácio apostólico

    O papa Francisco afirmou estar em paz consigo próprio, apesar dos escândalos de corrupção do Vaticano e dos casos de abuso sexual e da rebelião da ala conservadora da Igreja Católica contra as reformas introduzidas por ele.

    Em entrevista ao jornal italiano "Corriere della Sera", o pontífice disse que os membros do clero pedem as reformas em conversas sobre os problemas na cúpula eclesiástica. "Há corrupção no Vaticano, mas estou em paz."

    Sobre os problemas da Igreja Católica, conta que orienta os bispos e cardeais a aprenderem a sofrer como um pai e fazer grande pacto com a humildade, mas que eles nunca devem deixar de lado os obstáculos.

    "Sim, existem 'Pôncios Pilatos' na Igreja que lavam suas mãos para evitar um desconforto, mas um superior que lava as suas mãos não é um pai, e não ajuda".

    Após sua escolha, em 2013, Francisco ordenou o combate aos problemas financeiros no Vaticano, principalmente em seu banco. Ele criou um ministério que centralizou operações e aumentou o poder da autoridade financeira.

    Além da corrupção, a mensagem foi uma referência indireta aos bispos que tentaram encobrir casos de abuso sexual de padres contra crianças. Francisco considera os abusos sexuais uma doença e uma ação do Diabo.

    "Se não estivermos convencidos de que isto é uma doença, nós não podemos resolver o problema. Então prestemos atenção quando recebemos candidatos à vida religiosa e assegurem que eles sejam emocionalmente maduros."

    Em dezembro, o papa exigiu aos bispos que tenham tolerância zero a abusos do clero e pediu perdão por "um pecado que nos envergonha". Ele anunciou orientações para proteger as crianças e criou uma comissão de averiguação.

    Porém, grupos de vítimas dizem que, apesar dos anúncios, Francisco deveria ir além e punir os bispos que encobriram os casos de abusos sexuais por anos, um dos fatores que prejudicaram a imagem da Igreja Católica.

    Ele também incentivou às comunidades religiosas a exporem suas críticas, de modo a pressionar as dioceses. "Não há necessidade de fazer com que um cardeal se sinta como um príncipe. Esta é a pior coisa na organização da Igreja."

    TRANQUILIDADE

    Para dormir bem, Francisco conta que anota os problemas em pequenos bilhetes, que coloca em baixo de uma imagem de são José que tem em seu quarto. Isso, segundo ele, garante um sono restaurador de pelo menos seis horas.

    "Quando eu rezo, eu sempre me volto para a Bíblia. E a paz dentro de mim cresce. Eu não sei se este é o segredo. A paz é um presente de Deus. Espero que ele nunca tire isso de mim."

    O argentino afirma ter sentido esta paz de agora quando foi escolhido como papa, em 2013, uma transformação em relação ao seu período como arcebispo de Buenos Aires. "Era muito mais ansioso".

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