Os líderes de um esquema espanhol de corrupção relacionado ao PP (Partido Popular) foram condenados nesta sexta-feira (10) a 13 anos de prisão cada um.
A decisão do Tribunal Superior de Justiça de Valência, no leste da Espanha, foi anunciada na véspera do congresso nacional da sigla, que hoje governa o país.
Susana Vera - 20.mar.2014/Reuters | ||
O empresário Francisco Correa chega a corte em Madri, em março de 2014 |
A notícia constrangerá ainda mais o partido, cuja imagem já foi bastante desgastada nos últimos anos.
Os 13 anos de prisão correspondem a uma acusação paralela dentro do chamado Caso Gürtel, o maior escândalo de corrupção na história moderna da Espanha.
A Promotoria pede 110 anos de prisão para Francisco Correa na ação principal, ainda em andamento. Ele foi um dos condenados a 13 anos nesta sexta-feira.
O empresário Correa é acusado de ter liderado um esquema de financiamento ilegal do PP e de cobrança de comissões em troca de contratos públicos, em um cenário semelhante àquele investigado pela Operação Lava Jato no Brasil.
Tamanho é seu papel que ele deu nome a todo o caso. "Gürtel" é o termo alemão para o espanhol "Correa".
RECURSO
As condenações desta sexta-feira estão relacionadas a um esquema de contratos ilegais do governo de Valência na Feira de Turismo no período entre 2005 e 2009.
Os 11 condenados responderam por crimes como tráfico de influência e associação ilícita pela manipulação dos resultados de concursos públicos na região.
O prazo para que eles apresentem seus recursos ao Supremo Tribunal é de cinco dias. O cumprimento de suas penas pode ser atrasado se qualquer uma das partes contestar a decisão –o que a defesa já disse que fará.
Segundo o jornal local "El País", o tribunal poderia demorar um ano para julgar os recursos, mas os condenados poderiam ser presos provisoriamente durante o período se for considerado que há risco de fuga, diante das longas sentenças recebidas.
ORGANIZAÇÃO
A decisão tomada pelo tribunal de Valência sinaliza que, para a Justiça espanhola, Correa de fato liderava uma organização criminosa.
A sentença, portanto, deve ser levada em conta durante o julgamento do restante das acusações contra o empresário e outras pessoas relacionadas ao Partido Popular.
As investigações do Caso Gürtel foram iniciadas em novembro de 2007. Dos quase 40 suspeitos, três foram tesoureiros do PP e um foi ministro da Saúde. Eles negam a participação na trama.
O Gürtel está relacionado também a outro escândalo de corrupção, chamado Caso Bárcenas, o sobrenome de um ex-tesoureiro do PP.