Quase 1,4 milhão de crianças estão em "risco iminente" de morrer de fome em Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen, alertou nesta terça-feira (21) o Unicef (Agência das Nações Unidas para a Infância).
Pessoas já estão morrendo de fome nestes quatro países, e o Programa Mundial de Alimentos disse que mais de 20 milhões correm perigo nos próximos seis meses.
Albert Gonzalez Farran - 11.out.2016/AFP | ||
Mulher amamenta bebê com grave desnutrição em clínica dos Médicos Sem Fronteiras no Sudão do Sul |
"O tempo está se esgotando para mais de um milhão de crianças", disse o diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, em um comunicado.
"Ainda podemos salvar muitas vidas. A desnutrição grave e a fome iminente são em grande parte causadas pelo homem. Nossa humanidade em comum exige uma ação mais rápida. Não podemos repetir a tragédia da fome de 2011 no Chifre da África."
O surto de fome foi declarado formalmente na segunda-feira (20) em partes do Sudão do Sul, que está mergulhado em uma guerra civil desde 2013. O conflito vem dividindo cada vez mais o país em facções étnicas, o que levou a ONU a alertar para um genocídio em potencial.
O Unicef afirmou que 270 mil crianças sul-sudanesas estão gravemente desnutridas. Também na segunda-feira, a instituição de caridade Save the Children disse que mais de 1 milhão de crianças do país correm risco de passar fome.
O Sudão do Sul ainda vem sendo assolado pela mesma seca do sudeste africano que deixou a Somália à beira de um surto de fome seis anos depois de 260 mil pessoas morrerem de desnutrição.
Segundo o Unicef, 185 mil crianças devem ser vítimas de desnutrição aguda grave na Somália neste ano, mas a cifra deve crescer para 270 mil nos próximos meses.
Outras 462 mil crianças estão sofrendo de desnutrição aguda grave no Iêmen, onde dois anos de guerra causaram o colapso da economia e restrições severas à circulação de mercadorias.
A fome é uma constante desde o ano passado em partes do nordeste da Nigéria, onde o governo vem combatendo a milícia extremista Boko Haram. O número de crianças com desnutrição aguda grave deve chegar a 450 mil neste ano, previu o Unicef.