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    Governo Trump

    Governo Trump divulga nova política anti-imigração com mais deportações

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    21/02/2017 14h26 - Atualizado às 21h24

    O Departamento de Segurança Doméstica dos EUA divulgou nesta terça-feira (21) memorandos que colocam em prática os decretos sobre a nova política de imigração de Donald Trump, com orientações às agências responsáveis para expandir os alvos de deportação.

    Entre as decisões mais polêmicas está a de autorizar a deportação "expressa" para imigrantes ilegais que não consigam comprovar que vivem nos EUA de forma contínua por ao menos dois anos.

    Nicholas Kamm - 16.fev.2017/AFP
    US President Donald Trump arrives at a meeting with members of Congress in the Roosevelt Room at the White House in Washington, DC, on February 16, 2017. / AFP PHOTO / NICHOLAS KAMM ORG XMIT: NK2022
    O presidente dos EUA, Donald Trump, em encontro com congressistas na Casa Branca no dia 16

    Antes, a prática estava limitada a pessoas há menos de duas semanas no país e que tivessem sido detidas a menos de 100 milhas (160 km) da fronteira.

    Só essa decisão já tem potencial para aumentar significativamente o número de imigrantes deportados daqui pra frente —não foi divulgada uma estimativa desse crescimento. A "remoção expressa" permite que um indivíduo seja mandado de volta ao país de origem sem passar por todo o processo legal.

    Sob as novas orientações, mudam também os alvos prioritários de deportação. Até agora, a "prioridade um" eram os imigrantes ilegais que são membros de gangues ou que foram condenados por crimes graves —classificação que vai de homicídio e estupro a falsificação de passaportes. Crimes tidos como menos graves, como dirigir embriagado, violência doméstica e assalto, eram considerados "prioridade dois".

    Agora, os agentes devem priorizar a deportação de imigrantes ilegais que "tenham sido condenados por qualquer crime", incluindo fraude perante um órgão do governo e o "abuso contra qualquer programa de recebimento de benefícios públicos".

    DEPORTAÇÕES DE IMIGRANTES ILEGAIS NOS EUA -

    Segundo dados do Departamento de Segurança Doméstica, 240.255 imigrantes foram deportados em 2016 —número pouco maior do que os cerca de 235 mil de 2015, mas 40% menor que o pico de quase 410 mil deportações do governo Obama, em 2012.

    Dos 240 mil deportados em 2016, 58% eram imigrantes condenados por crimes —destes, 77,6% eram considerados "prioridade um".

    A estimativa oficial é que haja hoje 11 milhões de imigrantes sem documento nos EUA. Assim que foi eleito, Trump disse que deportaria todos os condenados por crimes —que ele estimou entre 2 milhões e 3 milhões.
    O número, contudo, leva em consideração também imigrantes que estão legalmente no país.

    Em uma teleconferência com jornalistas, funcionários do departamento tentaram amenizar o alarde causado pelas mudanças. Segundo eles, muitas das propostas terão uma implementação mais lenta, já que é preciso organizar a logística e finalizar as regras para as ações.

    "Não há por que haver pânico nessas comunidades. Não temos pessoal, tempo ou recursos para entrar nas comunidades e jogar as pessoas, em operações em massa, dentro de ônibus", disse um funcionário sob anonimato. "Isso não tem a intenção de produzir deportações em massa."

    Segundo os funcionários, a decisão de levar imigrantes de países da América Central, como El Salvador, Guatemala e Honduras, para centros no México onde ficarão esperando por audiências, por exemplo, será implementada aos poucos, já que o governo vizinho precisa aceitá-los.

    Para tentar suprir a falta de pessoal, os memorandos preveem a contratação de 10 mil agentes. Determinam ainda a expansão do número de centros de detenção e a criação de um escritório para ajudar as famílias das vítimas de crimes envolvendo imigrantes ilegais.

    Aqueles que chegaram com menos de 16 anos e têm hoje menos de 35 —os chamados "dreamers"— não serão alvo destas ações. Nenhuma das diretrizes muda o programa conhecido como Daca, de 2012, que oferece permissão de trabalho e proteção contra deportação aos "dreamers".

    Em entrevista nesta terça-feira, Trump afirmou que vai cuidar "muito, muito bem" desse grupo de jovens imigrantes.

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