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    Odebrecht doou US$ 3 milhões a ex-presidente do Peru, afirma jornal

    DE SÃO PAULO

    23/02/2017 11h53

    A empreiteira brasileira Odebrecht doou US$ 3 milhões à campanha eleitoral do ex-presidente peruano Ollanta Humala (2011-2016), afirmou o jornal "El Comercio".

    Em reportagem publicada nesta quinta-feira (23), o jornal afirma que, segundo esclarecimentos prestados ao Ministério Público peruano em janeiro por Jorge Barata, ex-representante da empreiteira no Peru, a doação foi um pedido do PT ao herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht.

    Jack Ramon-Andina - 28.jul.2011/Reuters
    O ex-presidente do Peru Ollanta Humala e sua mulher, Nadine, no dia da posse, em julho de 2011
    O ex-presidente do Peru Ollanta Humala e sua mulher, Nadine, no dia da posse, em julho de 2011

    Humala e sua mulher, Nadine Heredia, que enfrentam restrições para sair do país, são investigados por lavagem de ativos por financiarem sua campanha eleitoral com dinheiro procedente da Venezuela e do Brasil.

    Barata, de acordo com o "El Comercio", foi contatado em 2010 pelo marqueteiro brasileiro Valdemir Garreta, responsável pela campanha presidencial de Humala pelo Partido Nacionalista Peruano (centro-esquerda). Eles chegaram a se encontrar em um hotel em São Paulo.

    De volta ao Peru, Barata se reuniu com Humala e sua mulher, Nadine, em um apartamento do ex-presidente. Ali, acertaram os detalhes dos pagamentos. Segundo Barata, eles estavam vinculados à sigla "OH", que aparece nas agendas de Nadine.

    Barata afirmou que entregou pessoalmente remessas de US$ 300 mil à própria Nadine e que, simultaneamente, um montante similar era entregue no Brasil a Garreta e seu sócio Luis Favre, que também trabalhou na campanha de Humala. O dinheiro recebido no Brasil era levado pelos dois ao Peru.

    De acordo com Barata, foram entregues US$ 3 milhões a ex-primeira-dama Nadine Heredia. Os aportes cessaram no primeiro semestre de 2011 —em junho, Humala foi eleito em segundo turno presidente do Peru.

    Humala é o terceiro ex-presidente peruano a ser envolvido com a Odebrecht. Alejandro Toledo (2001-2006) é considerado foragido e é acusado de receber US$ 20 milhões em propina da empreiteira brasileira. Em janeiro, um ex-ministro do governo de Alan García (2006-2011) foi preso sob acusação de receber US$ 7 milhões da Odebrecht para ganhar um contrato de construção do metrô de Lima.

    Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, o Grupo Odebrecht pagou US$ 1 bilhão em propinas em 12 países.

    OUTRO LADO

    Procurada, a Odebrecht "reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. A empresa assinou acordo com autoridades do Brasil, Estados Unidos e Suíça e já possui entendimentos avançados com alguns países da América Latina para esclarecer sua participação em atos praticados pela companhia".

    A empreiteira diz ainda que "adotará as medidas adequadas e necessárias para continuamente aprimorar seu compromisso com práticas empresariais éticas e de promoção da transparência em todas as suas ações".

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