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    Governo Trump

    Casa Branca barra jornalistas de meios de comunicação criticados por Trump

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    24/02/2017 16h52 - Atualizado às 18h00

    Yuri Gripas/Reuters
    Jornalistas deixam a sala de imprensa da Casa Branca após o governo barrar repórteres críticos
    Jornalistas deixam a sala de imprensa da Casa Branca após o governo barrar repórteres críticos

    A "guerra" que Donald Trump declarou em seu primeiro dia de trabalho ter com a imprensa americana atingiu um novo nível nesta sexta-feira (24).

    Pelo menos quatro veículos —CNN, "New York Times", "Los Angeles Times" e o site Politico— foram barrados na entrevista coletiva diária dada pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. A equipe de comunicação não explicou o motivo da restrição.

    Os repórteres dos demais meios de comunicação foram autorizados a entrar, entre eles a Bloomberg, as redes de TV ABC, CBS e Fox News, o "The Wall Street Journal" e os conservadores "The Washington Times", One America News e Breitbart News, que tem entre seus fundadores o estrategista-chefe de Trump, Stephen Bannon.

    Em protesto à proibição dos colegas, os repórteres da agência de notícias Associated Press e da revista "Time" se recusaram a participar da coletiva.

    Na programação passada pela Casa Branca aos jornalistas na noite de quinta (24), o entrevista com Spicer havia sido substituído pelo jargão "gaggle", que é um briefing informal. No entanto, estava previsto ainda que houvesse transmissão pela TV, como de costume.

    Poucas horas antes da fala de Spicer, contudo, a programação foi alterada para dizer que não haveria transmissão e que seria para um grupo específico. Segundo a repórter da CNN Sara Murray todos colocaram seu nome na lista, mas alguns foram barrados na hora de entrar.

    "Normalmente, se você vai fazer uma coisa como essa, você tem ao menos uma pessoa de cada veículo. () Não foi o que a Casa Branca fez hoje. Eles escolheram os veículos que queriam para esse briefing", disse Murray.

    A Associação dos Correspondentes da Casa Branca condenou a restrição. "Protestamos fortemente contra a forma como a Casa Branca lidou com a coletiva de hoje. Incentivamos as organizações autorizadas a entrar a compartilhar o material com outros meios de comunicação", disse o presidente da associação, Jeff Mason.

    O editor-executivo do "New York Times", Dean Baquet, disse que "não aconteceu nada parecido com isso na Casa Branca na nossa longa história de cobertura de múltiplos governos de diferentes partidos".

    Aos jornalistas que participaram da coletiva, Spicer disse que a Casa Branca sob Trump é "mais acessível" aos jornalistas "do que provavelmente em qualquer outro governo".

    ANONIMATO

    A proibição ocorreu poucas horas depois de Trump repetir em um discurso que a imprensa é inimiga do povo americano e defender o fim do anonimato de fontes jornalísticas.

    "Eu sou contra as pessoas que inventam histórias e inventam fontes. Eles não deveriam usá-las a não ser que usem o nome de alguém", disse Trump, na conferência da União Conservadora Americana. "Vocês verão as notícias desaparecerem como nunca antes."

    A aparente ofensiva contra a imprensa acontece após uma matéria da CNN revelar que o FBI (polícia federal americana) teria rejeitado um pedido da Casa Branca para negar publicamente as revelações feitas também pela CNN e pelo "New York Times" sobre contatos da equipe de Trump com Moscou durante a campanha.

    "Não tentamos derrubar a história. Pedimos a eles que dissessem a verdade", disse Spicer, sobre o FBI. Na manhã desta sexta, pelo Twitter, Trump criticou mais uma vez os vazamentos do FBI.

    No discurso, mais tarde, ele disse ser "o maior" defensor da liberdade de expressão, afirmando que, se a mídia tem liberdade para escrever reportagens contra ele, ele tem o direito de criticar duramente as "pessoas desonestas" que inventam "notícias falsas".

    "Eu não sou contra a imprensa (...) Sou apenas contra a mídia ou imprensa de notícias falsas", afirmou.

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