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    Governo Trump

    EUA aposentarão o Predator, drone militar mais famoso, após 22 anos

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    28/02/2017 02h00

    Julianne Showalter/Força Aérea dos EUA/AFP
    Drone militar mais famoso, o MQ-1 Predator, criado em 1995, será aposentado pelos EUA
    Drone militar mais famoso, o MQ-1 Predator, criado em 1995, será aposentado pelos EUA

    O lendário Predator, o mais famoso drone militar do mundo, será aposentado pela Força Aérea dos Estados Unidos após duas décadas encarnando uma revolução no modo de se lutar guerras —e gerando questionamentos éticos correspondentes.

    Comunicado distribuído nesta segunda (27) confirmou a expectativa de que os Predators sejam substituídos em 2018 por um de seus irmãos mais novos e modernos, o Reaper —que voa há dez anos, é mais veloz, preciso, carrega mais armamentos e custa quase três vezes mais.

    O General Atomics MQ-1 Predator entrou em operação em 1995, fazendo reconhecimento visual na Bósnia.

    Seu papel como motor de mudança na doutrina militar americana veio em 2001, quando foi testado como arma ofensiva. Estreou no Afeganistão no ano seguinte.

    Seu pequeno motor a pistão, de origem austríaca, gera um zumbido incessante. "Drone", em inglês, significa tanto zangão quanto zumbido. Virou sinônimo dos aparelhos do gênero em todo o mundo, embora os militares prefiram o termo técnico: veículo aéreo não tripulado.

    O zumbido antecipou morte em várias periferias do planeta, como Iraque, Paquistão ou Iêmen, enquanto seus operadores seguiam em segurança via satélite a milhares de quilômetros, no caso dos EUA na base de Creech, em Nevada.

    Segundo a ONG New America Foundation, só no Paquistão foram até 3.700 mortos entre 2004 e 2016. Outras entidades contam até 6.000 vítimas pelo mundo.

    Isso levou a dúvidas éticas. Como seriam responsabilizados por erros? Qual o limite para assimetria que impede retaliações? Até aqui, não há respostas satisfatórias.

    Enquanto isso, na gestão Barack Obama o uso de drones explodiu e inspirou quase 30 países a buscar a tecnologia, Brasil incluído. Até o Estado Islâmico se orgulha de operar uma versão primitiva.

    O Predator, cujo destino das cerca de 160 unidades ativas dos EUA será o depósito de órgãos civis, pode estar deixando a vida militar, mas seu legado está assegurado.

    *

    O FIM DE UMA ERA
    Após 22 anos, EUA vão aposentar o drone Predator

    Modelo General Atomics MQ-1 Predator (várias versões)
    Autonomia Pode ir a uma região a 740 km de distância, sobrevoá-la por 14 h e voltar à base
    Armamento Dois mísseis Hellfire ou 4 Stinger ou 6 Griffin
    Custo US$ 4 milhões
    Produção 360 unidades
    Quem opera EUA, Itália, Turquia, Marrocos e Emirados Árabes Unidos

    Histórico
    Entrou em operação em 1995. Foi usado no Iraque, Afeganistão, Iêmen e Paquistão, entre outros

    Evolução
    Inicialmente um avião-robô de reconhecimento, foi transformado em arma de ataque de precisão. Seu substituto, o MQ-9 Reaper, maior, três vezes mais veloz, mais avançado e com 15 vezes mais carga bélica, está há dez anos em uso

    Questionamento ético
    Controlados à distância, é quase impossível atribuir responsabilidades em caso de crimes de guerra. Sem apoio preciso em solo, casos de erros e ataques com vítimas inocentes são frequentes

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