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    ONU aponta que regime e rebeldes cometeram crimes de guerra na Síria

    DA AFP

    01/03/2017 15h02

    Todas as partes envolvidas na batalha de Aleppo, que terminou em 22 de dezembro de 2016 com a tomada total da cidade pelo regime sírio, cometeram crimes de guerra, de acordo com um relatório da Comissão Internacional das Nações Unidas sobre a Síria divulgado nesta quarta-feira (1º).

    A retirada de civis da cidade, concluída entre o regime e os rebeldes com o apoio de seus respectivos aliados, constituiu-se um "crime de guerra" ao envolver o "deslocamento forçado de civis", segundo o relatório, que abrange o período de 21 de julho de 2016, quando começou o cerco a cidade, até sua reconquista completa em dezembro.

    Os autores desta investigação independente enfatizam o papel das forças do regime do ditador Bashar al-Assad nesta batalha de uma "violência implacável", particularmente o papel da Rússia.

    Omar Haj Kadour - 20.set.2016/AFP
    Em setembro, caminhão de ajuda humanitária foi atacado na região de Aleppo pelo regime de Assad
    Em setembro, caminhão de ajuda humanitária foi atacado na região de Aleppo pelo regime de Assad

    "Entre julho e dezembro de 2016, as forças russas e sírias realizaram bombardeios aéreos diários, deixando centenas de mortos e reduzindo a cinzas hospitais, escolas e mercados", denuncia o documento. Ele também acusa as forças sírias de uso de armas proibidas, tais como cloro ou bombas de fragmentação.

    A comissão de inquérito aponta pela primeira vez o regime de Damasco como responsável pelo ataque a um comboio de ajuda humanitária em 19 de setembro, em Orum al-Kubra, perto de Aleppo.

    O ataque, que teria matado 15 trabalhadores humanitários, de acordo com o relatório, despertou a indignação da comunidade internacional e aplacou os esforços de Moscou e Washington para decretar um cessar-fogo na região.

    "Todos os relatórios, imagens de satélite, testemunhos e análises no campo (...) implicam as forças sírias", segundo o documento, que acusa o regime de Assad de ter cometido um "crime de guerra" ao "atacar deliberadamente" o comboio de ajuda humanitária.

    Damasco e Moscou negam qualquer responsabilidade nesse ataque.

    REBELDES

    O relatório da comissão também acusa de crimes de guerra os rebeldes que controlavam a zona leste de Aleppo e que conduziram uma "campanha de bombardeios indiscriminados" contra a parte ocidental da cidade, sob controle do regime.

    Cita especialmente o ataque a um microônibus de estudantes em 10 de agosto, no qual 13 pessoas morreram, e outro em 6 de outubro contra um mercado que matou 12 pessoas.

    O relatório também acusa a rebelião de usar civis como escudos humanos, chamando de crime de guerra a retirada de pessoas da zona leste da cidade, acordada entre o regime e os rebeldes apoiados pelos seus respectivos aliados.

    COMBATES EM DAMASCO

    Treze militares sírios morreram nas últimas 24 horas em intensos combates com os rebeldes nos bairros da periferia leste de Damasco, informou nesta quarta-feira a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

    Há duas semanas são registrados combates nesse setor, onde o regime busca isolar o bairro rebelde de Qabun dos bairros de Teshrin e Barze para impedir que os combatentes rebeldes se movam de uma área para outra.

    Damasco pressiona os combatentes desses bairros rebeldes para que assinem um "acordo de reconciliação", disse o observatório.

    Os rebeldes e o regime chegaram a assinar um acordo de cessar-fogo em 2014 nesse bairro, mas a violência foi retomada recentemente.

    ERRO

    Também nesta quarta-feira, aviões russos bombardearam, por engano, combatentes apoiados pelos Estados Unidos em várias pequenas localidades do norte da Síria. Os russos acreditavam se tratar de forças da facção terrorista Estado Islâmico.

    "Na terça-feira, alguns aparelhos russos e do regime [de Assad] bombardearam localidades que acharam estar controladas pelo Estado Islâmico, mas, na realidade, no terreno havia algumas forças de nossa Coalizão Árabe na Síria", disse o tenente-general do Exército americano Stephen Townsend aos jornalistas, acrescentando que houve baixas.

    O chefe militar afirmou ainda que comandos americanos estavam a menos de 5 km do local e que o bombardeio terminou quando os americanos entraram em contato com os russos através de uma linha especial.

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