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    Prisões em travessias ilegais aos EUA diminuem sob Trump

    NICHOLAS KULISH
    FERNANDA SANTOS
    DO "NEW YORK TIMES"

    09/03/2017 14h41

    O número de imigrantes não documentados apanhados ao longo da fronteira sudoeste dos Estados Unidos parece ter caído significativamente no mês passado, o que o governo Trump declarou na quarta-feira (8) ser um sinal de que a linha dura contra a imigração ilegal já pode estar desencorajando as pessoas que pretendiam fazer a travessia.

    Cerca de 840 pessoas por dia foram apanhadas depois de entrar em território dos EUA ou impedidas de fazê-lo, na fronteira com o México, em fevereiro, de acordo com a divisão de Proteção de Fronteira e Alfândega do governo federal, uma queda de cerca de 36% ante o total do mesmo mês em 2016.

    Matthew Busch - 22.fev.2017/The New York Times
    Part of the border fence that separates the United States and Mexico, near McAllen, Texas, Feb. 22, 2017. Many people assume that most of the people who entered the United States illegally are from Mexico. But many are not, and they arrived here in myriad ways. (Matthew Busch/The New York Times)
    Trecho de muro na fronteira com o México

    Um dado igualmente significativo é que o número de pessoas apanhadas tentando atravessar caiu em 39% ante os números de janeiro, o que reverte uma tendência que perdurou por muitos anos quanto ao aumento no número de detenções em fevereiro, quando a temperatura começa a subir e mais gente costuma tentar cruzar a fronteira.

    Os dados provavelmente agradarão os partidários do presidente Donald Trump e permitirão que ele assuma o crédito por cumprir rapidamente sua promessa de reprimir a imigração ilegal.

    "Os resultados iniciais demonstram que a fiscalização importa, a dissuasão importa e que esforços abrangentes de controle de imigração podem ter sucesso", disse John Kelly, o secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos.

    O influxo de pessoas pela fronteira sudoeste dos Estados Unidos sempre dependeu de muitos fatores, entre os quais a economia e a violência nos países de origem dos imigrantes, e até mesmo o clima.

    Mas o principal desses fatores é a política de imigração dos Estados Unidos, e especialistas disseram não estar surpresos ao verem uma desaceleração antes mesmo que os decretos de Trump sobre imigração fossem assinadas, ou que o muro na fronteira com o México, que foi uma das principais propostas de sua campanha eleitoral, seja construído.

    Apreensões na fronteira com o México - Prisões de imigrantes sem autorização caem sob Trump

    "A dissuasão por meio da percepção é um aspecto central desses decretos", disse Faye Hipsman, analista de políticas públicas no Instituto de Política de Migração. "A simples menção da possibilidade de uma expansão das detenções na fronteira torna menos provável que pessoas tentem a travessia."

    Dede que assumiu, Trump deixou claro que imigrantes sem documentos teriam muito mais dificuldade para entrar e permanecer nos Estados Unidos. Além de construir um muro na fronteira, ele expandiu a autoridade dos serviços de imigração e prometeu ampliar seus efetivos; tornou mais difícil ganhar admissão aos Estados Unidos sob pretexto de perseguição no país de origem; e ordenou mais detenções e deportações mais rápidas dos imigrantes que já estejam no país ilegalmente.

    Mark Krikorian, diretor executivo do Centro para o Estudo da Imigração, uma organização sediada em Washington que favorece uma maior limitação da imigração, disse que todos os sinais apontavam para um declínio na imigração semelhante ao registrado depois da reforma abrangente das leis de imigração adotada pelo governo Reagan em 1986.

    A medida oferecia anistia a muitos imigrantes que haviam ingressado nos Estados Unidos antes de 1982, e prometia segurança mais firme na fronteira com o México e penalidades severas para empresas que contratassem trabalhadores não documentados.

    "Falar em fiscalização mais severa pode fato reduzir o influxo, mas apenas por um período curto se a retórica não for concretizada por meio de medidas reais", afirmou Krikorian. Quanto aos anos Reagan, ele disse "as promessas de fiscalização mais dura não foram realmente cumpridas".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
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