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    Chefe da OEA dá ultimato de 30 dias a Venezuela para evitar suspensão

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    15/03/2017 00h46

    O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, ameaçou nesta terça (14) convocar votação para suspender a Venezuela caso o país não convoque eleições, liberte opositores e altere a composição da Justiça e do órgão eleitoral em 30 dias.

    O ultimato é feito diante do agravamento da crise. Embora possa ser uma prova do isolamento de Nicolás Maduro, o presidente não deve respeitá-la por considerar que a entidade interfere em assuntos internos venezuelanos.

    Presidência da Venezuela/Xinhua
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, entrega bandeira a atleta juvenil que competirá no Brasil
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, entrega bandeira a atleta juvenil que competirá no Brasil

    "A Venezuela está violando todos os artigos da Carta Democrática. Suspendê-la é o esforço e o gesto mais claros que podemos fazer neste momento pelo povo do país, pela democracia do continente, pelo seu futuro e por justiça."

    Em relatório, o ex-chanceler uruguaio diz que o chavista "está destruindo a democracia". Dentre os exemplos, cita a incapacidade de atuação da Assembleia Nacional desde 2016, quando passou a ser dominada pela oposição.

    O Legislativo foi declarado em desacato em agosto pelo Tribunal Supremo de Justiça, cuja maioria dos juízes é aliada de Maduro. Desde então, não consegue aprovar nenhuma lei ou medida contra o presidente.

    O Judiciário também foi criticado por Almagro por impedir a realização do referendo que poderia revogar o mandato de Maduro em outubro, ao rejeitar as assinaturas recolhidas pela oposição em 4 dos 23 Estados venezuelanos.

    O relatório ainda aponta a ação do Conselho Nacional Eleitoral ao protelar as etapas para desatar o referendo e ao não ter marcado até agora as eleições municipais e estaduais, que estavam previstas para dezembro passado.

    O órgão, do qual 80% diretoria é chavista, cancelou o pleito em outubro por falta de recursos. Em fevereiro, voltou a adiá-las para recadastrar todos os partidos, menos o Partido Socialista Unido da Venezuela, de Maduro.

    Outro ponto foi o fracasso no diálogo entre governo e oposição. "A ausência de diálogo é o primeiro sinal de falha no sistema político, porque a democracia não pode existir quando as vozes não são ouvidas ou são silenciadas", diz o relatório.

    CRITÉRIOS

    Para que a Venezuela seja suspensa da OEA, dois terços dos países membros, ou seja 23 de 34, deverão votar a favor. Isso não foi possível em junho passado, quando 20 integrantes apoiavam a retirada venezuelana.

    O chavismo tem como aliados países afins, como Bolívia e Nicarágua, e nações caribenhas que recebem petróleo venezuelano. Porém, a mudança de presidente no Haiti e a eleição no Equador podem mudar a balança para os favoráveis à suspensão.

    Em nota, o governo venezuelano repudiou o relatório do uruguaio, ao qual chamou de "ilegítimo e ilícito", e disse que o secretário-geral da OEA "forjou supostas acusações com o único objetivo de promover a intervenção" no país.

    "Luis Almagro lidera o acerto hemisférico da direita fascista que açoita, agride e ataca com fúria a Venezuela, sem escrúpulo nem ética alguma, caracterizada por forjar e fraudar informações falsas sobre nossa pátria sagrada."

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