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    Conflito na Síria não tem perspectiva de paz entre regime e oposição

    DANIEL AVELAR
    DE SÃO PAULO

    15/03/2017 02h00

    "O povo quer derrubar o regime." Os adolescentes que picharam essas palavras em fevereiro de 2011 em um muro na cidade de Deraa, no sul da Síria, não faziam ideia dos eventos que se desenrolariam nos dias, meses e anos por vir.

    A prisão e a tortura desses jovens foram a faísca de um incêndio que se alastrou rapidamente, dando início ao conflito mais sangrento do século 21. Indignados, sírios convocaram uma série de protestos contra o regime do ditador Bashar al-Assad, inspirados pelos levantes da Primavera Árabe.

    Em 15 de março daquele ano, a revolta tomou as ruas das principais cidades do país, em um chamado "dia de fúria" que marca o início do conflito na Síria. Nos dias seguintes, o Exército começou a reprimir brutalmente os manifestantes, matando dezenas.

    O que começou como um levante popular contra um regime autoritário se transformou em uma tragédia humanitária de proporções históricas.

    Nesta quarta (15), a guerra na Síria completa seis anos, acumulando mais de 470 mil mortos e 11,2 milhões de pessoas forçadas a deixar suas casas. Destas, 4,9 milhões buscaram asilo em outros países, alimentando a crise global de refugiados.

    O país segue em um atoleiro de violência sem perspectivas de paz no horizonte. Representantes de grupos rebeldes e do regime sírio reúnem-se periodicamente em negociações patrocinadas por potências mundiais, mas fracassam em encontrar uma solução política para além de tréguas temporárias.

    "Eu peço aos sírios e aos demais [envolvidos] que abandonem as fantasias ainda existentes de uma vitória militar", afirmou, na semana passada, Staffan de Mistura, enviado especial das Nações Unidas para a Síria e responsável pelos diálogos de paz em Genebra. "Um lado e o outro ainda acreditam que isso seja possível. É pura fantasia."

    *

    Onde fica - Síria

    CRONOLOGIA

    mar.2011
    Protestos contra o ditador Bashar al-Assad são reprimidos

    jul.2012
    Rebeldes tomam o controle de Aleppo, principal centro comercial do país

    set.2013
    ONU aponta uso de armas químicas em ataque próximo a Damasco que deixou 300 mortos

    jun.2014
    Estado Islâmico proclama "califado" em partes da Síria e do Iraque

    set.2014
    Começam ataques aéreos de coalizão liderada pelos EUA contra posições do EI

    set.2015
    Rússia começa bombardeios na Síria em defesa de Assad

    ago.2016
    Exército turco invade norte da Síria para combater o EI e conter avanço dos curdos

    dez.2016
    Após meses cercados pelo regime, rebeldes são expulsos de Aleppo

    SCORES

    470 mil
    Mortos

    11,2 milhões
    De deslocados

    Fonte: Institute for the Study of War, Syrian Centre for Policy Research, Acnur

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