• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 07:09:01 -03

    Pulverização de votos deve dificultar coalizão após pleito na Holanda

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A ROTERDÃ (HOLANDA)

    15/03/2017 02h00

    As eleições holandesas serão vistas, nesta quarta-feira (15), como uma medida do crescimento do populismo de direita na Europa. França, Alemanha e possivelmente Itália votam mais adiante no ano.

    Mas há outra grande história escondida nas dobras do pleito, para o analista Tom Louwerse: a fragmentação do espectro político.

    "Não há mais grandes partidos", diz à Folha. "Só restaram as siglas de tamanho médio, sem ninguém exceder os 20% dos votos."

    Emmanuel Dunand/AFP
    Pedestres de Haia passam por cartazes dos diferentes partidos que concorrem à eleição na Holanda
    Pedestres de Haia passam por cartazes dos diferentes partidos que concorrem à eleição na Holanda

    Louwerse, da Universidade Leiden, é especializado em representação política e sondagens eleitorais.

    Não será novidade que nenhum partido conquiste a maioria dos 150 assentos, necessária para governar sozinho. A Holanda é, afinal, tradicionalmente governada por coalizões.

    Mas estas eleições marcam a extrema pulverização dos votos, contrastando com o cenário de 1986, quando os três maiores partidos tinham quase 90% do Parlamento.

    Essa perspectiva significa que o PVV (Partido para a Liberdade), de Geert Wilders, dificilmente conseguirá governar. A sigla deve conquistar 20 assentos, mas seu extremismo afastará aliados às possíveis coalizões.

    O cenário causa, diz Louwerse, muita incerteza nesse país, e as negociações entre os partidos podem se alongar. O processo pode durar em torno de três meses. Em 1977, foram 208 dias. Pequenas deserções nas coalizões podem derrubar o governo e levar a eleições antecipadas.

    O PVV, com o discurso radical, é uma das razões para a fragmentação dos partidos, ao alimentar a narrativa de um cartel entre as siglas de elite.

    Outra explicação, diz o analista, é o surgimento e consolidação de alternativas. "Há mais partidos que os eleitores podem considerar seriamente hoje." Partidos verdes, por exemplo, vêm se fortalecendo.

    Concorrem nesta quarta-feira um total de 28 partidos, o recorde do país, entre eles siglas voltadas especificamente aos direitos dos animais ou dos aposentados.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Projeção de cadeiras no parlamento - Segundo pesquisa Ipsos divulgada nesta terça (14)

    O parlamento hoje - Principais partidos eleitos em 2012

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024