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    EUA acusam agentes russos de invasão de redes do Yahoo

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
    DO "FINANCIAL TIMES"

    15/03/2017 15h52

    Dois agentes do serviço russo da inteligência e dois hackers foram formalmente acusados nesta quarta-feira (15) de um ciberataque em 2014 contra o sistema Yahoo que afetou 500 milhões de usuários, anunciou o Departamento de Justiça dos EUA.

    Juntos, os quatro homens enfrentam 47 acusações criminais, incluindo conspiração, fraude de computador, espionagem econômica, roubo de segredos comerciais e roubo de identidade agravado, de acordo com as autoridades americanas.

    Elijah Nouvelage/REUTERS
    A CEO do Yahoo, Marissa Mayer, durante evento em São Francisco em 2015
    A CEO do Yahoo, Marissa Mayer, durante evento em São Francisco em 2015

    Os espiões russos "protegeram, dirigiram e pagaram hackers criminosos" para realizar a invasão do Yahoo, que tinha por objetivo final chegar a jornalistas e membros do governo dos EUA, afirmou o Departamento de Justiça.

    Os dois agentes foram identificados como Dmitry Dokuchaev, 33, e Igor Sushchin, 43, e fariam parte da FSB, a agência que sucedeu a KGB.

    Segundo as autoridades americanas, Dokuchaev e Sushchin contrataram Alexsey Belan e Karim Baratov para realizar a invasão, que foi descoberta no ano passado, em uma ação que uniu espionagem promovida pelo Estado ao roubo de dados criminoso tradicional, afirmaram os promotores.

    Os agora acusados "tinham como objetivo as contas no Yahoo de funcionários dos governos dos Estados Unidos e da Rússia, incluindo pessoal da cibersegurança, diplomatas e militares", afirmou a secretária adjunta da Justiça, Mary McCord.

    Também buscavam atingir "jornalistas russos, funcionários de outras redes que eles queriam invadir e empregados de entidades comerciais e de serviços financeiros", afirmaram as autoridades do Departamento de Justiça.

    McCord disse que Baratov foi preso nesta semana, depois de um pedido apresentado pelo Canadá.

    O ATAQUE

    A história começou em 2014, quando os oficiais da FSB contrataram Alexsey Alexseyevich Belan, conhecido como "Magg", que já havia sido indiciado anteriormente nos Estados norte-americanos de Nevada e Califórnia por crimes que incluíam roubo de identidade e fraude na computação.

    O nome dele foi incluído na lista de criminosos mais procurados pelo FBI em novembro de 2013. Meses antes, naquele mesmo ano, ele havia escapado de uma prisão europeia e fugido para a Rússia.

    "Mas em lugar de prendê-lo", afirmam os documentos de indiciamento norte-americano, "os oficiais da FSB decidiram usá-lo".

    Segundo o indiciamento, Belan teria, no final de 2014, roubado uma cópia do Banco de Dados de Usuários (UDB) do Yahoo, um arquivo de acesso restrito contendo nomes, endereços de e-mail para recuperação de conta, números de telefone e algumas outras informações necessárias para a criação de "cookies" de autenticação personalizados para mais de 500 milhões de contas do Yahoo.

    Usando esses detalhes e um segundo sistema de administração de contas também roubado por ele, Belan conseguiu invadir os sistemas de e-mail do Yahoo.

    Os oficiais russos também ajudaram Belan a explorar seu acesso ao sistema do Yahoo para fins criminosos tradicionais, dando-lhe informações policiais confidenciais que permitiram que ele roubasse números de cartões de crédito e de vales-presente de contas comprometidas do Yahoo, que montasse uma imensa campanha de spam usando dados de 30 milhões de contas do Yahoo invadidas, e que obtivesse comissões financeiras ao redirecionar consultas ao serviço de pesquisas online do Yahoo, entre as quais buscas por medicamentos para disfunção erétil, informaram os promotores.

    Quando os agentes de inteligência russos descobriram que um de seus alvos tinha uma conta de e-mail em outro serviço de Internet, contrataram Karim Baratov, cidadão canadense de origem cazaque, morador do Canadá, para invadir a conta em questão. Baratov invadiu 80 contas diferentes de e-mail, entre as quais a do assistente do vice-presidente da Rússia e a de um funcionário do Ministério do Interior daquele país, de acordo com o indiciamento.

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