• Mundo

    Tuesday, 07-May-2024 06:09:05 -03

    EUA admitem ataque na Síria, mas negam que alvo fosse mesquita

    DA AFP

    17/03/2017 09h14

    Ammar Abdullah/Reuters
    Morador caminha sobre escombros de mesquita atingida por bombardeio em al-Jina, no norte da Síria
    Morador caminha sobre escombros de mesquita atingida por bombardeio em al-Jina, no norte da Síria

    As forças militares dos EUA admitiram nesta sexta-feira (17) que realizaram um ataque no norte da Síria contra posições da rede terrorista Al Qaeda, mas negaram que seu alvo fosse uma mesquita na província de Aleppo, onde morreram 46 pessoas.

    Muitas vítimas da operação realizada na noite desta quinta-feira (16) no vilarejo de al-Jina são civis, de acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

    A coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, coordena ataques contra grupos jihadistas na Síria e no Iraque desde 2014, o que já provocou involuntariamente a morte de centenas de civis.

    "Não atacamos uma mesquita, e sim um prédio que tínhamos como alvo, onde se realizava uma reunião [da Al Qaeda] e se situava a cerca de 15 metros de uma mesquita que ainda está de pé", disse na quinta-feira o coronel John J. Thomas, porta-voz do Comando das Forças Americanas no Oriente Médio (Centcom).

    A princípio, o Centcom informou que "as forças dos EUA conduziram um ataque aéreo sobre um local de reunião da Al Qaeda no dia 16 de março em Idlib, Síria, matando vários terroristas".

    Posteriormente, o coronel Thomas admitiu que o ponto preciso do ataque não estava claro, mas que coincide com o local informado sobre a mesquita atingida, em al-Jina, 30 km ao oeste de Aleppo.

    "Vamos investigar as acusações de que este ataque provocou vítimas civis", disse o coronel.

    CADÁVERES

    Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório, informou que mais de cem pessoas ficaram feridas no ataque aéreo neste vilarejo sob controle de grupos rebeldes.

    Imagens gravadas por um correspondente da AFP mostram moradores e Capacetes Brancos, socorristas das zonas rebeldes da Síria, retirando escombros com a ajuda de lanternas e pás.

    As imagens mostram uma parte do edifício religioso completamente destruída e carros incendiados.

    "Ouvimos explosões quando a mesquita foi atacada. Foi logo depois da oração, momento em que, geralmente, acontecem aulas de religião para os homens", contou Abu Mohamed, morador do local. "Quando cheguei, vi 15 cadáveres e muitos pedaços de corpos entre as ruínas. Alguns corpos eram impossíveis de identificar", disse à AFP.

    CESSAR-FOGO

    Apesar do acordo de cessar-fogo estabelecido em dezembro de 2016 pela Rússia, principal aliada de Assad, e pela Turquia, que apoia os rebeldes, a violência continua no país.

    O céu da Síria está repleto de aviões do regime, da Rússia, da Turquia e da coalizão internacional liderada pelos EUA.

    A Rússia iniciou a intervenção militar de apoio ao regime sírio em setembro de 2015. Mas sempre negou as acusações de que as operações matam civis.

    A coalizão internacional concentra, em geral, seus ataques contra os extremistas da milícia Estado Islâmico e do Fateh al-Sham, o ex-braço sírio da Al Qaeda, que ocupam várias regiões na Síria.

    O conflito sírio, iniciado com a repressão às manifestações que pediam reformas em março de 2011, se tornou cada vez mais complexo com o avanço dos grupos jihadistas e o envolvimento de forças regionais, além de potências internacionais em um território muito dividido.

    Em seis anos, a guerra na Síria deixou mais de 320.000 mortos.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024