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    Governo Trump

    Veto a imigrantes e dólar valorizado afetam turismo nos EUA, diz relatório

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    21/03/2017 16h48

    A percepção de que os Estados Unidos são hostis a estrangeiros, aliada ao dólar valorizado, já está prejudicando o turismo no país, segundo relatório publicado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, sigla em inglês), organização mundial de promoção do turismo.

    O setor de turismo nos Estados Unidos, que movimenta US$ 1,5 trilhão, deve crescer 2,3% em 2017, taxa 0,5 ponto porcentual menor do que a de 2016. Além disso, os gastos de turistas estrangeiros nos Estados Unidos deverão sofrer uma queda de 0,6% em 2017, ou cerca de US$ 1,2 bilhão –principalmente por causa do dólar forte, que torna os EUA menos atraente.

    "Para que os Estados Unidos continuem a crescer (no setor de turismo), é importante abordar a queda projetada no número de turistas e reverter as percepções negativas causadas pelo veto (a muçulmanos) proposto (pelo governo)", disse David Scowsill, presidente do WTTC.

    Laura Buckman/Reuters
    Pessoas protestam no aeroporto de Dallas contra decreto anti-imigração de Trump
    Pessoas protestam no aeroporto de Dallas contra decreto anti-imigração de Trump

    Os países que vão se beneficiar do recuo do turismo nos EUA são Canadá e México, além de nações do Caribe e do Mediterrâneo, segundo o WTTC. O Canadá deve ter crescimento de 3,8% nos gastos de turistas e o México, de 7,7% –o Brasil, de 3,4%.

    De acordo com a entidade, dados recentes de voos internacionais mostram que os dois decretos que vetam a entrada nos EUA cidadãos de alguns países de maioria muçulmana, atualmente suspensos judicialmente, já tiveram reflexo no turismo. Na semana seguinte ao anúncio do primeiro veto, houve uma queda de 6,5% nas reservas de voos para os EUA, de acordo com dados da Forwardkeys.

    No dia 27 de janeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, decretou a suspensão do programa de admissão de refugiados e o veto à entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Líbia, Sudão, Somália, Iêmen, Irã, Síria e Iraque), alegando que a medida era necessária para proteger o país de "terroristas islâmicos radicais". O decreto foi suspenso por uma liminar do tribunal federal em Seattle.

    No dia 6 de março, Trump tentou emplacar um novo decreto proibindo temporariamente a entrada de cidadãos de países de maioria muçulmana e de refugiados, retirando o Iraque da lista das nações vetadas. Mas esse segundo veto foi suspenso por um tribunal do Havaí no dia 15.

    "Os seis países incluídos no segundo veto correspondem a menos de 0,1% do total de chegadas aos EUA em 2016; o volume não é tão importante quanto a mensagem que os EUA passam a viajantes de todo mundo sobre o grau de abertura a estrangeiros e o tipo de recepção que eles terão neste novo governo", diz Caroline Bremmer, chefe da área de turismo da Euromonitor International.

    "(O veto) desestimula potenciais turistas, que podem decidir adiar a viagem para os EUA e optar por outros destinos, como Canadá, México, América Central e Caribe."

    O órgão de promoção de turismo de Nova York, o NYC & Co, revisou para baixo suas previsões para 2017 e projeta uma redução de 300 mil turistas por causa do veto.

    O Tribunal do Havaí que suspendeu o segundo veto de Trump acolheu argumentos de que a medida iria prejudicar a indústria do turismo no Estado.

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