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    Reino Unido monitora até 4.000 pessoas investigadas por terrorismo

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    24/03/2017 02h00

    Khalid Masood, identificado como o autor do atentado em Londres, era uma figura familiar à polícia britânica e já havia sido investigado pelo serviço secreto.

    A informação pode, à primeira vista, sugerir o descaso das autoridades, que teriam sido incapazes de impedi-lo de realizar o ataque.

    Mas o governo britânico já monitora milhares de pessoas, em um esforço de inteligência que requer equipes extensas e capacitadas.

    À Folha Chris Phillips, ex-chefe de um escritório da polícia para combate ao terrorismo, estima haver entre 3.000 e 4.000 pessoas sob investigação dos agentes, a partir de indicadores de risco, incluindo laudos psicológicos.

    "Qualquer uma dessas pessoas poderia fazer alguma coisa e seria impossível monitorar todas elas", diz.

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    Entre os milhares monitorados, em sua maioria islamitas, apenas 500 são ativamente investigados e dezenas deles são vigiados fisicamente.

    Portanto, é preciso fazer escolhas com recursos limitados. O monitoramento ininterrupto de alguém durante toda a semana exigiria 25 agentes, diz Phillips. "Alguém tem que tomar a decisão."

    Diante das informações disponíveis na quinta (23), quando conversou com a reportagem, o especialista avalia que a polícia agiu com rapidez. O público, diz ele, "precisa entender que, em uma sociedade aberta, não existe segurança total".

    A ministra do Interior, Amber Rudd, afirmou que as forças de segurança "fazem um trabalho fantástico". Ela disse que o fato de as autoridades conhecerem Masood não significa que ele pudesse estar 24h sob vigilância.

    "Vamos descobrir mais sobre esse homem e sobre as pessoas ao seu redor. Não tenho dúvidas de que os serviços de inteligência estão fazendo um ótimo trabalho", Rudd afirmou à rede BBC.

    TRANQUILIZAR

    O que pode ser feito nesses casos, diz a especialista em segurança Helen Fenwick, é expandir a abrangência do radar, incluindo mais pessoas. Pode haver um monitoramento mais intenso de quem já é suspeito, também.

    No meio-tempo, a estratégia é tranquilizar o público com reforço no policiamento, inclusive com armas.

    "A polícia será bastante cautelosa no entorno do Parlamento e de locais com aglomerações, como shoppings ou estações. As medidas devem durar bastante tempo."

    A reação da premiê britânica, Theresa May, parece por sua vez indicar que sua mensagem é a de que o país continuará em normalidade, diz a especialista. "Ela está dizendo à população que nós não vamos nos assustar."

    A circulação na área onde houve o ataque foi liberada no dia seguinte.

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