• Mundo

    Tuesday, 07-May-2024 02:26:22 -03

    Primeira-ministra britânica assina carta que dá início ao 'brexit'

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

    28/03/2017 18h26 - Atualizado às 00h15

    A primeira-ministra britânica, Theresa May, já assinou a carta com que dará início ao "brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia.

    May aparece em uma fotografia divulgada por seu governo na terça-feira (28) com uma caneta em mãos.

    Christopher Furlong/AFP
    A primeira-ministra britânica, Theresa May, assina a carta que dá início às negociações do "brexit"
    A primeira-ministra britânica, Theresa May, assina a carta que dá início às negociações do "brexit"

    O documento será entregue durante a quarta-feira (29) a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, ativando formalmente o artigo 50 do Tratado de Lisboa.

    Esse artigo, evocado por May, colocará em marcha a saída britânica do bloco econômico após 44 anos de integração. As negociações devem durar até dois anos.

    Uma vez iniciada, a saída do Reino Unido dificilmente poderá ser interrompida. O artigo 50 não menciona essa possibilidade. Acredita-se que seria preciso o consenso de todas as nações do bloco.

    -

    O BREXIT EM MARCHA
    Proximidade da ativação do artigo 50 gera tensão entre países do Reino Unido

    O QUE É O ARTIGO 50?
    - Dispositivo do Tratado de Lisboa que libera a saída unilateral de países-membros da União Europeia
    - Detalhes do processo, que pode durar dois anos, estão descritos no texto
    - Uma vez iniciada a separação, ela só pode ser interrompida por decisão unânime dos Estados

    CRONOLOGIA E PRÓXIMOS PASSOS

    18.set.2014
    Escócia faz plebiscito e decide ficar no Reino Unido, por 55% a 45%

    *23.jun.2016 *
    Em plebiscito, Reino Unido aprova o "brexit", a saída da União Europeia

    28.abr.2017
    Escócia aprova convocação de referendo sobre independência do país

    29.abr.2017
    Data em que a primeira-ministra Theresa May deve ativar o artigo 50

    mar. 2019
    Os membros da União Europeia, o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu precisam ter ratificado o acordo dois anos após a ativação do Artigo 50. O Parlamento britânico também deve ter direito ao voto.

    Abril de 2019
    O Reino Unido já não deve fazer parte da União Europeia.

    -

    O Conselho Europeu, que reúne a liderança dos países-membros, deve reagir à carta em até 48 horas. As 27 nações restantes na UE precisam aprovar sua estratégia de negociação, o que pode acontecer em em Bruxelas nos próximos dois meses.

    A União Europeia quer que o acordo esteja pronto em outubro de 2018, para que ambos os lados tenham tempo de ratificar o acordo até o fim do prazo de dois anos, contados a partir da ativação do Artigo 50.

    NEGOCIAÇÕES

    O "brexit" é resultado de um referendo realizado em junho de 2016 no Reino Unido, quando 52% da população votou por deixar a UE.

    Um dos principais temas em debate foi a devolução de uma série de poderes, hoje em mãos das autoridades europeias, ao Reino Unido. O controle da imigração teve especial impacto no voto.

    Isso inclui os cerca de 3 milhões de cidadãos europeus que hoje moram no Reino Unido, cujos direitos vão depender do acordo travado entre o governo britânico e a União Europeia.

    O negociador-chefe europeu, Michel Barnier, afirmou na terça-feira que irá defender esses direitos durante o processo. Barnier havia afirmado, na semana passada, que essa seria uma de suas "prioridades absolutas".

    Segundo o jornal local "Guardian", o governo britânico pode determinar que os direitos em discussão aos cidadãos europeus valem apenas para aqueles que entraram no Reino Unido antes da ativação do artigo 50.

    O Parlamento Europeu, porém, teria planos de vetar qualquer acordo que inclua essa data-limite, ainda segundo a publicação britânica.

    Guy Verhofstadt, que chefia as discussões do "brexit" entre os legisladores europeus, afirmou que "qualquer decisão que limite os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido [...] seria contrária à lei europeia". "Essa não seria a maneira correta de iniciar as negociações.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024