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    Reino Unido não ameaçou UE com 'brexit', diz ministro britânico

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A EDIMBURGO

    30/03/2017 09h35

    Um dia após dar início formal ao "brexit", e reagindo às críticas de líderes europeus, o governo britânico afirmou nesta quinta-feira (29) que não estava ameaçando a União Europeia quando mencionou os possíveis efeitos da ruptura à cooperação na área de segurança.

    A primeira-ministra conservadora, Theresa May, havia alertado suas contrapartes europeias na quarta que uma saída desordenada do Reino Unido –ou seja, sem um acordo extenso com a UE– poderia enfraquecer sua aliança no combate ao crime e ao terrorismo.

    Christopher Furlong/AFP
    Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, assina nesta terça (29) carta que dá início ao "brexit"
    Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, assina nesta terça (29) carta que dá início ao "brexit"

    O bloco econômico compartilha, hoje, um grande volume de inteligência, que poderia ser interrompido pela separação. Líderes europeus reagiram à declaração afirmando que não serão chantageados durante as negociações.

    Guy Verhofstadt, que liderará as negociações do "brexit" no Parlamento Europeu, foi um dos críticos ao comentário de May, que chamou de "ameaça".

    "Não é uma ameaça", disse o ministro britânico para o "brexit", David Davis, à rádio BBC. "É a constatação do fato de que será prejudicial a ambos os lados caso nós não tenhamos um acordo."

    A premiê May deu o início formal às negociações do "brexit" na quarta-feira ao enviar uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, evocando o Artigo 50 do Tratado de Lisboa –o gatilho para o processo.

    A partir de agora, o Reino Unido e a União Europeia têm dois anos para negociar seu futuro, incluindo temas urgentes como os direitos de 3 milhões de expatriados europeus e 1 milhão de britânicos.
    Os líderes europeus sinalizam por ora que serão duros nas discussões. May queria negociar paralelamente sua saída e os futuros acordos com o bloco, mas a chanceler alemã, Angela Merkel, disse na quarta que as novas relações só serão debatidas após a ruptura ser finalmente decidida.

    LEI

    O "brexit" irá exigir um extenso esforço legislativo e a concentração temporária de poderes nas mãos do governo britânico.

    A tarefa começou a ser delineada nesta quinta-feira (30) com a publicação de um documento instrutivo pelo gabinete da primeira-ministra May.

    O texto apresenta os contornos do que será a "grande lei de revogação", com que May anulará ou emendará a legislação europeia em vigor no Reino Unido e retirará o país do bloco econômico.

    Nesse processo, ela deve entregar a seu gabinete o que é conhecido como "poderes de Henrique 8°", em referência ao monarca que reinou no século 16. Ministros poderão, por um período determinado e a princípio curto, alterar a legislação sem passar por todo o processo parlamentar.

    A legislação europeia deixará de valer ao Reino Unido quando o país tiver deixado o bloco europeu, o que está previsto para acontecer em meados de 2019. As regras que precisam ser adaptadas ou anuladas abrangem vastas áreas, como o funcionamento da agricultura e da indústria.

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