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    Candidatos sobem o tom de ataques no Equador

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A QUITO

    02/04/2017 02h11

    Parece outra eleição. Nas semanas que antecederam o primeiro turno, em 19 de fevereiro, o clima das ruas das principais cidades do Equador era de apatia com relação ao pleito. De lá para cá, tudo mudou. Agora, 13 milhões de equatorianos são esperados neste domingo (2) para um segundo turno com desenlace indefinido e trocas de farpas de ambos os lados.

    Não apenas nas ruas há mais propaganda dos dois finalistas, o governista Lenín Moreno (52,4% de intenções de voto) e o oposicionista Guillermo Lasso (47,6%), como ambos mudaram de estratégia, saindo mais às ruas e elevando o tom das críticas em relação ao rival.

    Moreno apostou em caravanas e comícios em locais onde o apoio ao presidente Rafael Correa vem diminuindo. Mas, desta vez, incluiu na agenda também reuniões com empresários, mais vinculados a Lasso. A eles, garantiu que, embora não preveja nem políticas de ajuste nem a diminuição no gasto público, uma gestão sua garantirá um ambiente de estabilidade para seus negócios.

    Mariana Bazo/Reuters
    Polícia do Equador faz guarda de órgão eleitoral do país
    Polícia do Equador faz guarda de órgão eleitoral do país

    Já o conservador Lasso, sabendo ter teto difícil de ultrapassar –obteve 22% dos votos em 2013 e 28% no primeiro turno deste ano–, tentou ampliar sua base de eleitores. O banqueiro estendeu a mão à esquerda, garantindo que suas crenças pessoais –é contra o aborto e o matrimônio igualitário– não influirão em suas ações políticas, apresentando-se como candidato da conciliação e do respeito às decisões do Congresso.
    agressões

    Mas o que mais se nota, ouvindo os habitantes de Quito, é o nível de agressões de lado a lado. "Esse segundo turno está marcado pela campanha suja e não atende ao maior problema apontado pela população, que é o rumo da economia", diz o analista Simón Pachano.

    Lasso chegou a sofrer ataque físico quando via um jogo do Equador nas eliminatórias, na semana passada. Já Moreno tem sido duramente atacado pelas redes sociais e pela pouca imprensa independente restante no país.

    Ambos também polarizaram nas propostas. A subida na intenção de voto de Moreno, dizem analistas, tem a ver com a quantidade de promessas feitas nas últimas semanas. Garantiu ações como o "Toda Una Vida", que fornece cobertura de saúde "do nascimento à morte", e o "La Casa para Todos", que entregaria mais de 325 mil residências a famílias pobres.

    Apoiou-se, também, nos feitos da gestão atual, como a diminuição da pobreza, de 37% a 23%, mas ressaltou que difere do jeito personalista de Correa, por mostrar-se mais aberto ao diálogo.

    "Quando Rafael assumiu, o Equador estava devastado e precisava de um presidente confrontador. O momento é outro e não sou assim, prefiro ouvir, conversar", disse.

    Nessa linha, lançou também a campanha "Conmigo se Puede Hablar", que inclui uma linha telefônica e um número de Whats App por meio do qual os eleitores podem mandar-lhe mensagens.

    Já Lasso apontou o dedo para o alto endividamento do país e a impossibilidade de manter tantos gastos sociais à custa do endividamento. Sua principal promessa tem sido eliminar 14 impostos.

    Lasso também usa a seu favor o escândalo da Odebrecht no país. A empreiteira é acusada de pagar US$ 33 milhões para funcionários do governo Correa.

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