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    Com 96% das urnas apuradas, Lenín Moreno lidera no Equador

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A QUITO

    02/04/2017 23h30 - Atualizado às 04h42

    Os dados oficiais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), diferentemente do que apontava a pesquisa de boca de urna, indicam a vitória do candidato governista Lenín Moreno, 64, com 51,12%, contra 48,88% do opositor conservador, Guillermo Lasso, 61.

    Esses percentuais, segundo o CNE, correspondem a 96,14% das urnas apuradas. A diferença está em cerca de 220.000 votos e restam pouco mais de 300.000 a serem contados.

    Assim que soube dos primeiros resultados oficiais, Lasso afirmou que iria pedir a recontagem dos votos e acusou adulteração em mais de 800 mil cédulas. Disse ainda que entrou em contato com a OEA para denunciar fraude nas eleições. Representantes de seu partido disseram que não iriam reconhecer o resultado e pediram a impugnação da apuração em curso.

    O resultado fez com que apoiadores de ambos os lados fossem às ruas de Quito e de outras cidades do país. Diante do CNE, na avenida 6 de diciembre, na região central da capital equatoriana, uma multidão já se reunia desde o final da tarde.

    Apoiadores de Lasso gritavam que havia ocorrido uma fraude. "A ditadura correísta está agindo outra vez e quer desrespeitar o voto popular, nós não vamos deixar", disse a congressista Mae Montaño, do partido CREO, de Lasso.

    Já os eleitores de Moreno festejavam desde o encerramento das urnas, no palco montado na avenida de los Shyris, tradicional ponto de encontro dos correístas. "Vou ser o presidente de um país sem confrontos, de diálogo e de harmonia", disse Moreno.

    Henry Romero/Reuters
    Apoiadores do candidato oposicionista Guillermo Lasso protestam em frente ao conselho eleitoral em Guayaquil
    Apoiadores do candidato oposicionista Guillermo Lasso protestam em frente ao CNE de Guayaquil

    Em Guayaquil, diante do CNE local, houve enfrentamento entre seguidores de Lasso e a polícia, que prendeu uma pessoa e usou bombas de gás para conter a multidão, que tentava entrar no prédio.

    Segundo Juan Pablo Pozo, presidente do CNE, o comparecimento às urnas foi de 74,82%, índice considerado expressivo.

    CAMPANHA

    Nas últimas semanas de campanha, Moreno reforçou que daria continuidade às políticas de assistência social, construção de moradias e ampliação do sistema de saúde.

    Evitando confrontar seu padrinho político, ele afirmou que seus estilos são diferentes, tentando deixar claro que não se mostraria tão autoritário e centralizador como Correa. "Quando ele assumiu, o país estava devastado e precisava de uma liderança mais confrontadora. Eu sou diferente, comigo se pode dialogar", disse a jornalistas.

    Enquanto isso, Lasso manteve o foco na tentativa de mostrar que o modelo "correísta" já não se ajusta mais à nova economia mundial, que são necessários ajustes e redução do número de impostos. Também prometeu abrir a economia e devolver a liberdade aos meios de comunicação –vigiados e processados durante os anos de Rafael Correa.

    Numa tentativa de ampliar sua base eleitoral, fez acenos à esquerda, que tem reservas a seu nome pelo fato de ser contra o aborto e o matrimônio gay.

    VOTO

    Os três principais personagens do pleito votaram pela manhã. No colégio San Francisco, em Quito, o presidente Rafael Correa foi recebido por aplausos e gritos de "Correa, amigo, o povo está contigo".

    Na saída, disse que a América Latina "vem vivenciando uma reação conservadora e as eleições equatorianas são muito importantes para ver se essa tendência continua ou se a tendência progressista retoma sua força".

    Também em Quito votou Lenín Moreno. Ele pediu calma aos eleitores e disse que "esperaria os resultados em paz". Afirmou ainda que estava seguro de que os equatorianos iriam votar nele por "pensarem no futuro do país".

    Já Guillermo Lasso votou em Guayaquil, seu reduto político. Disse que o pleito marcaria uma mudança de rota para o país. "Será o segundo grito de independência do Equador, e se escutará em toda a América Latina".

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