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    Presidente paraguaio promete diálogo, mas não desiste de reeleição

    DANIEL AVELAR
    ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

    03/04/2017 21h05

    O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, convocou para quarta-feira (5) um diálogo nacional com a oposição para tentar resolver a crise provocada pela aprovação, no Senado, de uma emenda à Constituição para permitir a reeleição presidencial.

    O objetivo das negociações, segundo o mandatário disse nesta segunda (3), é "criar um espaço de reflexão e buscando acordos de bem comum, dentro do marco constitucional e superando interesses sectários".

    Entretanto, Cartes afirmou a correligionários, em reunião fechada, que pretende manter o projeto de reeleição em votação no Congresso, a despeito do resultado das negociações e dos violentos protestos iniciados na sexta-feira (31), quando o Congresso foi parcialmente incendiado.

    Os confrontos deixaram mais de 30 feridos e 200 detidos, além de um líder opositor morto pela polícia.

    Também foram registrados escrachos populares contra políticos que apoiaram a emenda. No domingo (2), manifestantes atiraram ovos e papel higiênico contra a casa do senador governista Derlis Osorio em Capiatá, na região metropolitana de Assunção.

    Na cidade de Encarnación, a cerca de 350 quilômetros de Assunção, opositores protestaram no sábado (1º) em frente às casas dos deputados Mario Cáceres e Walter Harms.

    Dezenas de estabelecimentos comerciais, incluindo lojas, restaurantes e postos de gasolina, prometeram escrachar e não prestar atendimento aos congressistas favoráveis à reeleição.

    A Câmara, que é controlada pelo governo, pretendia votar o projeto no sábado (1º), mas adiou a votação temendo novos protestos. Não está claro quando a emenda será votada pelos deputados.

    Em nota oficial sobre a crise no Paraguai, o Itamaraty disse nesta segunda (3) "lamentar o episódio de violência que resultou na morte de um jovem líder político e manifesta sua confiança nas medidas já tomadas pelo presidente Horacio Cartes para a apuração das responsabilidades no caso".

    O policial Gustavo Florentín, responsável pelo disparo que matou o dirigente Rodrigo Quintana na sede do opositor PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico) no sábado (1º), foi preso preventivamente e pode ser condenado a até 30 anos de prisão.

    DIREITA E ESQUERDA

    O projeto sobre a reeleição tem o apoio do conservador Partido Colorado, de Cartes, e da esquerdista Frente Guasú, do ex-presidente Fernando Lugo. A proposta é introduzir emendas constitucionais permitindo que um plebiscito seja convocado para a população decidir sobre a possibilidade de reeleição. A Constituição fixa um único mandato de cinco anos.

    A senadora Esperanza Martínez, da Frente Guasú, disse à Folha que o povo deve decidir sobre a reeleição e que a tramitação do projeto "respeitou o regulamento".

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