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    Brasil fica fora de nota sobre Síria e condena uso de força sem aval da ONU

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    07/04/2017 15h24 - Atualizado às 09h51

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 10-03-2017, 16h00: O ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira durante entrevista em seu gabinete. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO***
    O chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, durante entrevista em seu gabinete

    Reunidos nesta sexta-feira (7), em Buenos Aires, os chanceleres do Mercosul e da Aliança do Pacífico divulgaram um comunicado conjunto condenando os crimes de lesa-humanidade que vêm sido cometidos na Síria e respaldando "ações que os previnam".

    Em entrevista a jornalistas, na sequência, a chanceler argentina Susana Malcorra, anfitriã do evento, disse que todos os países presentes na reunião (Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, México, Peru e Colômbia) haviam assinado o documento, menos o Brasil.

    Diz o comunicado: "manifestamos preocupação com relação à escalada de violência e condenamos energicamente o desumano uso de armas químicas na Síria contra a população civil, em particular contra crianças. O uso de armas químicas é um crime de lesa humanidade e um crime de guerra, proscrito por tratados internacionais. As ações para prevenir essas atrocidades devem ser respaldadas pela comunidade internacional."

    Indagada pela Folha sobre a ausência do Brasil na assinatura, Malcorra disse: "O chanceler Nunes pediu mais tempo para fazer consultas e nós concordamos", respondeu.

    Procurado após a reunião, o chanceler Aloysio Nunes afirmou que o Itamaraty já havia se posicionado, manifestando preocupação com a escalada do conflito militar na Síria. Quanto ao trecho do documento que fala em respaldar ações que previnam os crimes de guerra, Aloysio afirmou que o Brasil condena "o uso unilateral da força sem a autorização das Nações Unidas".

    Folha Explica - Síria

    NOTA

    O Ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgou nota sobre a situação na Síria na tarde desta sexta-feira (7). Sem citar o bombardeio dos EUA da noite de quinta (6), o comunicado oficial "manifesta preocupação com a escalada do conflito militar na Síria" e "reitera sua consternação com as notícias de emprego de armas químicas" no conflito.

    Na mesma linha do pedido feito por Estados Unidos, Reino Unido e França no Conselho de Segurança da ONU após o ataque químico de terça (4) no noroeste da Síria, o Itamaraty pede que "sejam conduzidas investigações abrangentes e imparciais" que "levem à apuração dos fatos e à punição dos responsáveis".

    Ainda segundo a nota emitida pela Chancelaria, a solução para o conflito sírio "requer diálogo efetivo e pleno respeito ao direito internacional". "Nesse contexto, renovamos o apoio às tratativas conduzidas em Genebra sob a égide das Nações Unidas e com base nas resoluções do Conselho de Segurança."

    De acordo com o Itamaraty, não há registro de brasileiros entre as vítimas do ataque, e a pasta afirma que tem mantido contato regular com a comunidade brasileira residente no país.

    RETALIAÇÃO

    O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou o disparo de 59 mísseis sobre a Síria na noite de quinta, em retaliação ao ataque químico que matou pelo menos 80 pessoas no noroeste da Síria na terça.

    A posição do governo brasileiro foi mais cautelosa do que a de Estados ocidentais como a Alemanha, o Reino Unido e a França, que declararam apoio ao ataque americano. O ditador sírio Bashar al-Assad classificou a ação como "irresponsável e imprudente". A Rússia, sua principal aliada, disse que a decisão de Trump foi baseada em "pretextos inventados". O governo do Irã também condenou a ação americana, bem como a milícia libanesa Hizbollah.

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