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    ANÁLISE

    Acuado na Síria e no Iraque, EI mira minorias em outros países

    PATRICIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    10/04/2017 02h00

    O "califado" do Estado Islâmico não para de encolher. Diante da aliança entre tropas curdas, árabes e bombardeios aéreos liderados pelos Estados Unidos, os extremistas perderam 60% do território que controlavam no Iraque e 30% na Síria.

    A facção enfrenta simultaneamente uma ofensiva em Mossul, última grande cidade sob seu poder no Iraque, e avanço em direção a Raqqa, "capital" do califado na Síria.

    Ahmed Gomaa/Xinhua
    (170409) -- TANTA, April 9, 2017 (Xinhua) -- People gather at the blast site in Tanta, Egypt, on April 9, 2017. At least 21 people were killed and 59 others injured in an explosion inside a church in the Egyptian Nile delta city of Tanta on Sunday, the Egyptian Health Ministry said. (Xinhua/Ahmed Gomaa) (rh)
    Igreja cristã copta atingida por ataque reivindicado pelo Estado Islâmico em Tanta, Egito

    Forças iraquianas já liberaram a parte leste de Mossul e agora atacam o oeste, mais populoso e mais difícil de liberar. Mesmo assim, analistas acreditam que, até o final do ano, estará livre do EI.

    O Estado Islâmico perdeu grande parte da receita que obtinha vendendo petróleo no mercado negro, porque a coalizão bombardeou muitos dos poços sob seu controle.

    Hoje, os extremistas dependem de extorsão e impostos para se financiar. Mas também essa fonte de recursos está secando porque caiu o número de "governados" pelo EI. O grupo, que no apogeu em 2015 chegou a ter 10 milhões de pessoas em seus territórios, agora tem cerca de 6 milhões, segundo o IHS Conflict Monitor.

    Acuados, os militantes têm recorrido cada vez mais a ataques midiáticos, que causam muitas mortes, fora das áreas do califado "oficial", mas onde mantêm alguma presença. Para preservar sua capacidade de recrutamento, eles precisam manter sua aura de "sucesso".

    O EI está presente em 18 países. Em todos, explora tensões sectárias e mira as minorias. Yazidis no Iraque, alauítas na Síria, cristãos na Nigéria, xiitas em vários países, curdos seculares.

    No Egito, a insurgência da península do Sinai matou centenas de policiais e soldados egípcios. Em 2015, reivindicaram a derrubada de um avião da Metrojet que matou mais de 200 passageiros em voo para a Rússia.

    Mas desde dezembro do ano passado, quando um homem-bomba do EI matou 29 em uma igreja no Cairo, declarou guerra contra os cristãos coptas. Em fevereiro, um vídeo do EI conclamava seus seguidores a matarem cristãos coptas, descrevendo-os como "sua presa favorita".

    "Os coptas devem ser atacados sempre que possível e em todo lugar, e o EI vai liberar o Cairo, bombardear a capital e libertar prisioneiros."

    Naquele mês, centenas de coptas fugiram de suas casas no Sinai depois de uma campanha de assassinatos orquestrada pelo EI.

    O EI explora habilmente as divisões sectárias no país.

    A minoria copta já era alvo de discriminação no Egito. Além disso, os coptas haviam irritado os fundamentalistas islâmicos ao apoiarem o golpe que derrubou o governo islamista de Mohamed Morsi, em 2013, e que levou ao poder o atual presidente, Abdel Fattah al-Sisi.

    Estado Islâmico

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