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    Governo Trump

    Agência Lupa: Checamos as declarações de Donald Trump

    11/04/2017 15h48

    Carlos Barria - 07.abr.2017/Reuters
    U.S. President Donald Trump (L) and China's President Xi Jinping walk along the front patio of the Mar-a-Lago estate after a bilateral meeting in Palm Beach, Florida, U.S., April 7, 2017. REUTERS/Carlos Barria ORG XMIT: WAS117
    Donald Trump (à esq.) e o presidente chinês, Xi Jinping, na Flórida

    Na última quinta-feira (6), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu entrevistas a repórteres que viajavam com ele a bordo do Air Force One e falou sobre suas primeiras semanas de mandato. Trump se dirigia a uma de suas propriedades de luxo em Palm Beach, na Flórida, para oferecer um jantar oficial ao presidente da China, Xi Jinping, que fazia uma visita oficial aos EUA. Durante a campanha presidencial, no entanto, o candidato republicano havia sido taxativo sobre um eventual encontro com o líder chinês. Veja abaixo as checagens da semana:

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    "Eu não daria um jantar. Eu daria a ele (Xi Jinping) um hambúrguer do McDonald's (...) Provavelmente lhe daria um Big Mac duplo"

    CONTRADITÓRIO

    A frase consta em um documento elaborado pelo The Washington Post que compila 282 promessas feitas por Trump em sua campanha. Ela consiste numa crítica aberta que o republicano fez a seu antecessor, Barack Obama, por conta do jantar de gala que ele ofereceu ao líder chinês em setembro, na Casa Branca.

    Na época em que disse que não ofereceria um jantar a Xi Jinping, Trump justificou-se alegando que a China causava profundos danos comerciais à economia americana ao baratear sua mão-de-obra e desvalorizar sua moeda. E que não negociaria em termos paritários com aquele país, mostrando-se disposto a iniciar uma guerra comercial.

    Na última quinta-feira (6), no entanto, o líder americano e a primeira-dama, Melania Trump, ofereceram um jantar pomposo ao líder chinês e a sua esposa, Peng Liyuan. O evento ocorreu num clube de golfe na Flórida e teve um menu variado. Nada de Big Mac.

    De entrada, por exemplo, foi servida uma salada ceasar com crouton de foccacia e queijo parmigiano-reggiano. O prato principal foi peixe com molho de champanhe ou um prime steak com vegetais. De sobremesa, bolo de chocolate com calda de baunilha e sorvete de chocolate ou um trio de sorbet (de limão, manga e framboesa). Para beber, foram oferecidos dois vinhos californianos: um Chardonnay e um Cabernet Sauvignon.

    Antes do encontro, Trump disse a empresários de Washington que tinha "muito respeito" por Xi Jinping e afirmou no Twitter que o encontro seria "muito difícil" devido às questões comerciais. Segundo o Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, o encontro teria "discussões muito francas" sobre comércio e as relações com a Coreia do Norte.

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    "Eu discordo do (então candidato a vice-presidente) Mike Pence sobre a Síria. (Os EUA não devem usar sua força militar contra o governo de Bashar al-Assad)"

    CONTRADITÓRIO

    Durante sua campanha, o republicano Donald Trump disse diversas vezes que sua prioridade seria concentrar os esforços militares para deter o avanço do Estado Islâmico –e não intervir na Síria. A repetição desta mensagem fez com que o presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmasse, em entrevista, que Trump poderia até ser um "aliado natural".

    Na última quinta-feira (6), no entanto, enquanto Trump jantava com Xi Jinping, estava em curso o lançamento de 59 mísseis Tomahawk contra uma base aérea da Síria. A ação foi uma resposta ao ataque químico feito numa cidade controlada por opositores do regime de Assad dias antes e que foi atribuído a ele.

    Vale ainda ressaltar que o atual presidente dos EUA sempre foi um crítico ferrenho da ideia de seu país fazer uma intervenção direta no conflito sírio. Trump atacou Obama diversas vezes por sua política favorável à saída de al-Assad. Em diversos tuítes (aqui, aqui, aqui e aqui), pediu que Obama não atacasse a Síria. Em outros dois (neste e neste), argumentou que o Congresso deveria ser ouvido por Obama antes que ele tomasse qualquer decisão sobre a Síria. Alguns dias depois, chegou a lançar o que seria seu futuro slogan de campanha, dizendo que os EUA tinham problemas mais urgentes do que a Síria.

    Mas, mesmo ostentando todo esse passado retórico, Trump foi em frente e autorizou o bombardeio da Síria na semana passada. Ao fazê-lo, afirmou que o uso de armas químicas era inaceitável e que al-Assad havia cruzado "muitos, muitos limites".

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    "Eu acho que tivemos uma das 13 semanas mais bem sucedidas da história da presidência"

    AINDA É CEDO

    A caminho do encontro com o presidente chinês, Trump deu esta declaração aos repórteres que viajavam com ele a bordo do Air Force One. Citou os números positivos na criação de empregos, os avanços na economia de gastos com o avião presidencial e as propostas de investimentos em equipamentos militares.

    Pode-se contra-argumentar que ele está sendo investigado pelo FBI por supostas fraudes na eleição, que teve duas ordens executivas sobre restrições à imigração bloqueadas por juízes federais, que seu projeto de lei sobre um novo sistema de saúde foi barrado antes de ir à votação e que sua aprovação entre opositores, nesse estágio de governo, é a mais baixa dos 45 presidentes que o antecederam.

    Porém, antes de qualquer debate político, há uma imprecisão que salta aos olhos: quando disse essa frase, Trump estava no poder há 11 semanas –não 13.

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