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    Manifestante é morto pela polícia em protesto contra Maduro na Venezuela

    DE SÃO PAULO

    11/04/2017 19h09

    Um estudante de direito de 20 anos foi morto pela polícia na noite de segunda-feira (10) enquanto participava de um protesto contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Valencia, a 167 km a oeste de Caracas.

    Daniel Queliz é o primeiro manifestante a morrer na onda de atos da oposição ao governo chavista, iniciada há 12 dias. Outras duas pessoas sem relação com as mobilizações morreram em meio à repressão das forças de segurança.

    Juan Barreto - 10.abr.2017/AFP
    Manifestante atira de volta uma bomba de gás lacrimogêneo atirada por policiais em Caracas
    Manifestante atira de volta uma bomba de gás lacrimogêneo atirada por policiais em Caracas

    Segundo testemunhas, o universitário fazia parte de um grupo que cercou uma base policial perto de um condomínio por volta das 23h (0h em Brasília). Os agentes reagiram usando munição letal, em vez de balas de borracha.

    Um dos disparos atingiu o peito de Queliz, que caiu imediatamente. O primo do estudante, Jonathan Arias, disse que a vítima chegou a ser levada pela família a um hospital de Valencia, mas não resistiu aos ferimentos.

    O Ministério Público e o órgão pericial do investigam o crime, mas as autoridades ainda não identificaram o policial que teria feito o disparo. Os líderes da oposição repudiaram a nova morte em um de seus protestos.

    "[A morte de Queliz] deve doer na alma dos venezuelanos, chega! Até onde Maduro é capaz de chegar? Matam alguém enquanto ele passa férias em Cuba", disse o ex-presidenciável opositor Henrique Capriles em uma rede social.

    Ele se referia à viagem do mandatário a Havana para participar da cúpula da Alba (Aliança Bolivariana das Américas), cujos países deram apoio ao governo chavista em relação à crise política venezuelana.

    Nesta terça (10), uma comitiva da Assembleia Nacional liderada por seu presidente, Julio Borges, exigiram à Guarda Nacional o fim da repressão. A força armada é a principal responsável por conter os manifestantes em Caracas.

    Além dos opositores a Maduro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos exigiram o respeito ao direito de manifestação e o fim do uso de militares na repressão.

    VÍTIMAS

    A morte de Queliz aconteceu horas depois que uma mulher asmática de 87 anos morreu em sua casa em Caracas ao aspirar o gás lacrimogêneo atirado pela Guarda Nacional contra os manifestantes que passavam por sua rua.

    Na quinta (6), um policial matou o estudante Jairo Ortiz, que foi atingido por munição letal ao passar perto de um ato em Carrizal, cidade próxima à capital. O agente responsável pela morte foi preso na sexta (7).

    A repressão também deixou mais de 100 feridos. Segundo a ONG Foro Penal, as forças de segurança prenderam 297 pessoas nas cinco manifestações opositoras que ocorreram na Venezuela desde 1º de abril.

    A série de manifestações foi desatada em 30 de março, quando o Tribunal Supremo de Justiça, dominado pelo governo, determinou o fim da imunidade parlamentar e a retirada do poder de legislar da Assembleia Nacional.

    A oposição, que controla o Legislativo, e a maioria dos países das Américas viram as sentenças como um golpe de Maduro. As decisões foram revertidas três dias depois.

    Os atos ganharam novo fôlego na sexta (7) quando a Controladoria-Geral cassou por 15 anos os direitos políticos do ex-presidenciável Henrique Capriles.

    Nesta terça (11), militantes chavistas foram às ruas para lembrar os 15 anos do golpe de Estado de 2002 contra Hugo Chávez (1954-2013), que o governo compara com as ações deste ano da oposição contra Nicolás Maduro.

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