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    Maduro anuncia reforço em força armada e pede lealdade à população

    DE SÃO PAULO

    17/04/2017 21h09 - Atualizado às 22h58

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda (17) o reforço de uma das forças de segurança e pediu à população que saia às ruas para defender seu governo caso a oposição tente derrubá-lo.

    A declaração é feita dois dias antes de mais uma jornada de manifestações em que chavistas e seus adversários irão às ruas. A disputa se acirrou há 20 dias, quando a Justiça tentou tirar poderes do Legislativo, dominado pela oposição.

    Federico Parra/AFP
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa em homenagem à Milícia Nacional Bolivariana
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa em homenagem à Milícia Nacional Bolivariana

    Ele afirmou ser o presidente mais atacado depois de seu padrinho, Hugo Chávez (1954-2013), mas que não se intimida pela pressão. Também pediu lealdade aos seus aliados contra o que chama de intervenção em seu governo.

    "Não é um tempo de traição, que cada um se defina se está com a pátria ou contra ela", afirma. "Se amanhece algum dia com a notícia de que a ultradireita tentou um golpe de Estado, saiam às ruas para tomar o poder total".

    No evento, o mandatário anunciou a ampliação de 300 mil para 500 mil o número de integrantes da Milícia Nacional Bolivariana, grupo armado formado por reservistas das Forças Armadas venezuelanas e voluntários civis.

    Maduro disse ter destinado recursos para treinar todos os agentes e dar um fuzil para cada um deles, apesar da crise econômica. "Todo este território tem que inatacável contra a agressão imperialista".

    O ex-presidenciável opositor Henrique Capriles criticou o que considerou uma inversão de prioridades do governo. "A Venezuela não quer fuzis, quer comida e remédios. Um fuzil é o que oferece Maduro e sua cúpula narcocorrupta".

    O presidente ainda fez referência à violência nos protestos, mencionando um vídeo em que três jovens presos acusam o Primeiro Justiça, maior partido da oposição, de pagar a eles para destruir a sede do Conselho da Magistratura.

    As imagens foram apresentadas no domingo (16). A sigla nega o pagamento e seus dirigentes acusam o presidente de torturar os manifestantes presos. Pelo menos 470 pessoas foram detidas em protestos desde 4 de abril.

    PROTESTOS

    Nesta segunda, dirigentes chavistas e opositores chamaram a população para lotarem às ruas na quarta (19), quando o país celebra o início do processo de independência. Ambos prometeram os maiores atos dos últimos 20 dias.

    A Mesa de Unidade Democrática prevê 26 pontos de concentração em todas as zonas de Caracas para irem em direção à sede da Defensoria do Povo, no centro. A intenção é fazer pressão para conseguir entrar no coração da capital.

    Número dois do chavismo, o deputado Diosdado Cabello rebateu e disse que a manifestação opositora não entra no centro. "Nós cansamos de falar que eles não vão entrar e tomem cuidado se não somos nós que vamos para lá".

    Os governistas pretendem protestar na região central da cidade. Cabello disse ainda que os opositores que forem às ruas do oeste de Caracas, antigo reduto governista, enfrentarão uma carreata de motos de aliados de Maduro.

    A maioria deles é membro de coletivos (milícias armadas chavistas), que atacaram opositores em protestos passados, algumas vezes com munição letal. Segundo o deputado, mais de 60 mil pessoas devem participar da carreata.

    Enquanto continua a disputa, os opositores Luis Florido e Carlos Vecchio voltaram a Brasília para tentar buscar o apoio brasileiro para pressionar Maduro.

    Durante a noite, o governo brasileiro, junto com outros dez países, manifestou repúdio à morte de seis pessoas nos protestos e à violência das forças de segurança e de parte dos manifestantes.

    Os 11 países também reiteraram o pedido a Maduro que convoque as eleições regionais, adiadas desde dezembro, o mais rápido possível.

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