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    Protestos terminam com morte de um guarda e dois civis na Venezuela

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    19/04/2017 14h39 - Atualizado às 00h18

    A violência nas manifestações contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, levou à morte de dois civis e um guarda nacional nesta quarta-feira (19), todos baleados durante os atos.

    As mobilizações, que avançaram pela noite em dezenas de cidades, foram as maiores e mais abrangentes dos 20 dias da onda de manifestações. Os adversários do governo convocaram seus seguidores novamente às ruas do país nesta quinta-feira (20).

    Os civis foram mortos à tarde e, segundo testemunhas, ambos foram baleados por membros de coletivos (milícias armadas chavistas).

    O primeiro foi o estudante Carlos Moreno, 17, que levou um tiro na cabeça ao passar por protesto opositor na zona oeste de Caracas a caminho de uma academia.

    A outra vítima foi a estudante Paula Ramírez, 23, que filmava com o celular a chegada dos coletivos para atacar um ato em San Cristóbal, no oeste do país, e também foi baleada na cabeça.

    Um disparo de arma de fogo também foi a causa da morte do guarda nacional San Clemente Barrios, que havia entrado em confronto com manifestantes encapuzados em San Antonio de Los Altos, a 27 km da capital.

    Outro oficial também ficou ferido. O defensor do povo, Tarek William Saab, disse que eles foram atingidos por um franco-atirador, mas sem mencionar se o suposto assassino estava do lado da oposição ou do governo.

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    Esta é a primeira vez que um agente das forças de segurança é morto nesta onda de protestos. Com os três, chega a nove o número de mortos em 20 dias de manifestações. No total, mais de 500 pessoas ficaram feridas, sendo 200 nesta quarta.

    Durante o dia, milhares de manifestantes da oposição lotaram as ruas de diversas cidades do país, mas, assim como nos outros atos, foram alvo das forças de segurança. Desta vez, o efetivo foi reforçado por uma operação anunciada por Maduro na terça.

    Em Caracas, a Guarda Nacional e a Polícia impediram pela sexta vez a chegada dos manifestantes da oposição à região central da cidade com gás lacrimogêneo, jatos d'água e balas de borracha. Um grupo de centenas de manifestantes respondeu com pedras, balas de borracha e coquetéis molotov.

    Os manifestantes contra o governo saíram de 26 pontos diferentes da capital. A repressão maior foi registrada nas zonas oeste e sul, pertencentes ao município Libertador, o maior dos cinco que compõem a capital e o único governado por um chavista.

    A repressão se repetiu em cidades como Barquisimeto, Maracaibo, San Cristóbal e Valencia e na turística ilha de Margarita. A ONG Foro Penal, que monitora as manifestações, disse que 400 pessoas foram detidas nesta quarta.

    Durante à noite, pequenas manifestações, sem articulação aparente com os dirigentes opositores, ocorreram em Caracas e no interior. Moradores montaram barricadas e foram alvo de ataques da Guarda Nacional, da polícia e dos coletivos. Às 20h (21h de Brasília) começou um panelaço convocado por opositores pelas redes sociais.

    As barricadas e a batucada com as panelas ocorreram inclusive em bairros majoritariamente governistas, como o caraquenho 23 de Enero, onde fica o mausoléu de Hugo Chávez (1954-2013).

    ATO CHAVISTA

    Cercado pela Guarda Nacional e a Polícia, o centro de Caracas voltou a ser o local do ato governista. A seus seguidores, o presidente disse que quer enfrentar os adversários nas urnas em breve.

    "Quero ganhar essa batalha e quero que o povo se prepare para ganhá-la em paz e com votos, que nos preparemos para ter uma vitória eleitoral total para colocar em seus lugares os conspiradores, os assassinos e a direita".

    A convocação das eleições regionais é uma das principais exigências da oposição e da comunidade internacional, que a vê como uma das soluções para a resolver a crise política.

    A votação, que deveria ter sido em dezembro, foi adiada duas vezes pelo Conselho Nacional Eleitoral, composto por aliados do governo.

    Maduro disse ainda ter desmontado "quadrilhas de terroristas" e disse que não cederá às pressões dos EUA, a quem acusa de liderar um golpe contra ele, e dos países latinos que o criticam.

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