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    Em crise, reduto da família Kirchner na Argentina tem protestos violentos

    DE SÃO PAULO

    22/04/2017 14h28

    A província argentina de Santa Cruz, reduto da família Kirchner, passou nesta sexta-feira (21) por manifestações de servidores que terminaram com violência em frente à sede do governo, em Río Gallegos (a 2.540 km ao sul de Buenos Aires).

    A região, governada por Alicia Kirchner, irmã do ex-presidente Néstor Kirchner (1950-2010), passa por uma grave crise financeira que levou a atrasos nos salários do funcionalismo público e diminuição drástica das verbas em setores essenciais.

    Juan Mabronata - 22.out.2011/AFP
    Av. Néstor Kirchner, uma das principais de Río Gallegos; província de Santa Cruz passa por forte crise
    Av. Néstor Kirchner, uma das principais de Río Gallegos; província de Santa Cruz passa por forte crise

    Os manifestantes chegaram à residência oficial por volta das 21h, quando descobriram que Alicia recebia a visita de sua cunhada, a ex-presidente Cristina Kirchner, que mora na turística de El Calafate, a 300 km da capital provincial.

    O grupo fez barricadas com lixo e pneus, batiam panelas e traziam cartazes com suas reivindicações. A tensão subiu ainda mais quando cerca de dez manifestantes tentaram pular o muro da casa, dando início à repressão da polícia.

    As forças provinciais dispersaram o grupo com gás lacrimogêneo e balas de borracha, enquanto os servidores responderam com pedras. Antes de terminar a manifestação, às 4h, o grupo quebrou vidros do prédio da chefia de polícia.

    A Guarda Nacional foi chamada para reforçar a segurança da residência oficial. Duas pessoas ficaram feridas. Horas depois, a governadora disse que o ato foi um "ataque planejado" e que é vítima de um "linchamento midiático".

    "Me chamou a atenção o protesto. Acho que é uma barbaridade eles quererem tentar entrar na sua casa. Quebraram vidros e portas", disse. "Querem a minha cabeça para a campanha eleitoral nacional".

    Ela ainda criticou o presidente Mauricio Macri, seu adversário político, de ter diminuído os repasses à província. "Vamos sair [desta crise], mas precisamos do apoio da Nação. O cancelamento das obras públicas retraíram a atividade da província".

    Além da crise econômica argentina, as obras públicas de Santa Cruz foram canceladas para revisar as licitações, feitas por Cristina, devido a irregularidades e suspeita de desvio de dinheiro para beneficiar a família Kirchner e seus aliados.

    A responsável por quase todas as obras era a Austral Construções, que pertence a Lázaro Báez. O empresário está preso desde o ano passado sob as acusações de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e superfaturamento.

    DERROCADA

    Com 221 mil habitantes, população menor que a de Presidente Prudente (SP), Santa Cruz recebeu 3,4 bilhões de pesos (R$ 690 milhões) do governo nacional nos últimos três anos, maior valor por habitante entre as 23 províncias.

    Néstor e Cristina Kirchner costumavam beneficiar a província em relação às outras, levando ao aumento de gastos estatais, ao inchamento do quadro de funcionários. Ao chegar à Presidência, em 2015, Macri acabou com o privilégio.

    A partir daí, a província passou a viver uma forte crise econômica, que levou a atraso de salários e diminuição de repasses a saúde e educação. As escolas ainda não começaram as aulas deste ano letivo devido à greve de professores.

    No início do mês, os funcionários cercaram por nove horas a sede do governo pedindo o pagamento do salário de fevereiro. Horas antes, Alicia Kirchner havia dito que a província está quebrada e que o funcionalismo tem "dimensão excessiva".

    Para a governadora, ela e seus familiares são perseguidos. "Há uma intenção de dizer que tudo do projeto nacional que primeiro foi conduzido por Néstor e depois por Cristina foi ruim. Aqui sofremos uma perseguição política".

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