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    Dividida, França escolhe novo presidente neste domingo

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A PARIS

    23/04/2017 02h00

    Jean-Paul Pelissier - 15.abr.2017/Reuters
    A man walks past campaign posters of the 11 candidates who run in the 2017 French presidential election in Le Soler, near Perpignan, France April 15, 2017. (L-R) Debout La France group candidate Nicolas Dupont-Aignan, French National Front (FN) political party leader Marine Le Pen, head of the political movement En Marche! (Onwards!) Emmanuel Macron, French Socialist party candidate Benoit Hamon, France's extreme-left Lutte Ouvriere political party (LO) leader Nathalie Arthaud, Anti-Capitalist Party (NPA) presidential candidate Philippe Poutou, "Solidarite et Progres" (Solidarity and Progress) party candidate Jacques Cheminade, lawmaker and independent candidate Jean Lassalle, candidate of the French far-left Parti de Gauche Jean-Luc Melenchon, UPR candidate Francois Asselineau and the Republicans political party candidate Francois Fillon. REUTERS/Jean-Paul Pelissier ORG XMIT: JPP02
    Homem caminha ao lado de cartazes de campanha dos candidatos à Presidência da França

    Os franceses vão às urnas neste domingo (23) em dúvida. Mesmo às vésperas, 31% deles não sabem em quem vão votar. As pesquisas de opinião apontam quatro possíveis candidatos para o segundo turno, em 7 de maio.

    A incerteza eleva ainda mais os ânimos quanto à eleição. A França é uma das principais economias da União Europeia e um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto.

    A decisão terá, portanto, impacto no bloco econômico e na estabilidade global, temas da campanha dos quatro principais candidatos.

    Entre os 11 competidores, os líderes são o centrista Emmanuel Macron (24%), a ultradireitista Marine Le Pen (22%), o conservador François Fillon (19%) e o ultraesquerdista Jean-Luc Mélenchon (19%). Os números são de uma pesquisa do instituto Ipsos realizada em 19 e 20 de abril com 2.048 entrevistados. A margem de erro é de 1,8 ponto em ambas as direções.

    Os principais temas eleitorais foram mapeados no fim de março por outra pesquisa, realizada pelo instituto OpinionWay. O mais importante deles, citado por 57% dos eleitores, é o emprego: 10% dos franceses não têm um.

    "A economia é a questão mais importante para mim", diz à Folha o estudante Louis Bervick, 25, em Lille, na fronteira nordeste. Ele, como um terço dos eleitores, ainda estava indeciso sobre o voto.

    Era também o caso do estudante Arnaud Langlois, 21, dividido entre Macron e Hamon. "Quando leio que Fillon quer eliminar 500 mil postos públicos, me parece irracional. Ele quer cortar gastos, mas não é assim que o Estado deveria funcionar."

    Reuters
    François Fillon, Benoit Hamon, Marine Le Pen, Emmanuel Macron e Jean-Luc Melenchon. Cinco candidatos aparecem nas pesquisas com chances de ir para o segundo turno
    François Fillon, Benoit Hamon, Marine Le Pen, Emmanuel Macron e Jean-Luc Melenchon

    VOLATILIDADE

    A má forma da economia francesa deve fortalecer os candidatos de fora do sistema e prejudicar especialmente o Partido Socialista, que está no poder com o presidente François Hollande.

    O desemprego, que Hollande prometeu combater, segue em torno dos 10%. A economia francesa cresceu 1,2% em 2016 (Alemanha e Reino Unido cresceram respectivamente 1,9% e 1,8% no período).

    "A economia da França cresceu menos do que a média europeia nos últimos cinco anos", diz o CEO do Grupo Société Générale Brasil, Francis Repka. "Por isso, uma parte da opinião pública de esquerda considera o Partido Socialista incapaz de fazer uma política voltada ao apoio social."

    Repka diz que não há previsão de nenhum efeito das eleições francesas no dia a dia brasileiro. Mas, caso vença um dos candidatos radicais, Mélenchon ou Le Pen, pode haver "um período de incertezas muito desafiador".

    Ambos defendem a saída da zona do euro. "Esse cenário traria volatilidade para os mercados emergentes, como o Brasil, o que seria negativo no curto prazo", diz Repka.

    PRIORIDADES FRANCESAS - Quais são os temas mais importantes no momento de votar no 1º turno?

    SEGURANÇA

    Eleitores também vão levar em conta na hora de votar dois outros temas-chave: a segurança, citada por 42% deles, e o combate ao terrorismo, lembrado por 39%.

    A França foi alvo de uma série de atentados nos últimos anos. Uma ação especialmente traumática deixou 130 mortos em Paris e seus arredores em 13 de novembro de 2015. O país vive desde então em estado de emergência.

    As forças de segurança afirmam ter impedido um ataque ao prender dois suspeitos em Marselha durante a semana. Um ataque a tiros deixou um policial morto na quinta-feira (20) em Paris.

    Candidatos reagiram ao incidente e cancelaram seus últimos eventos de campanha. Le Pen aproveitou para pedir o fechamento das fronteiras. Ela se beneficia da instabilidade por defender mais controles migratórios.

    A polarização do debate e o culto à personalidade dos candidatos pouco ajudou na discussão dos temas que convencem os eleitores.

    O conservador Fillon, por exemplo, passou a campanha se defendendo de um escândalo de corrupção que murchou sua candidatura. Ele foi indiciado por criar empregos-fantasma para familiares.

    "As pessoas se interessaram mais pelos políticos em si do que pelos assuntos que foram debatidos", afirma Danielle Tartakowsky, analista especializada na história francesa do século 20. "Nenhum dos candidatos tem um projeto claro à França."

    "Isso leva ao medo entre as pessoas porque nunca vimos esse cenário antes. Nós sabíamos onde estávamos, no espectro eleitoral. Agora é bastante difícil saber."

    FRANÇA INDECISA - Quatro candidatos chegam ao dia do primeiro turno com chances de avançar ao segundo - EMMANUEL MACRON
    FRANÇA INDECISA - Quatro candidatos chegam ao dia do primeiro turno com chances de avançar ao segundo - MARINE LE PEN
    FRANÇA INDECISA - Quatro candidatos chegam ao dia do primeiro turno com chances de avançar ao segundo - FRANÇOIS FILLON
    FRANÇA INDECISA - Quatro candidatos chegam ao dia do primeiro turno com chances de avançar ao segundo - JEAN-LUC MÉLENCHON
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