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    A história da MS-13, supergangue que gera onda de medo nos EUA

    DA BBC BRASIL

    22/04/2017 20h08

    Getty Images/Reprodução/BBC
    Uma sequência de assassinatos brutais nos Estados Unidos voltou as atenções para a MS-13, uma gangue de rua que nasceu em Los Angeles, mas tem raízes em El Salvador.
    MS-13 é uma das gangues mais temidas do mundo

    Uma sequência de assassinatos brutais nos Estados Unidos voltou as atenções para a MS-13, uma gangue de rua que nasceu em Los Angeles, mas tem raízes em El Salvador.

    O incidente mais recente aconteceu na segunda-feira passada (17): um assassinato em massa em Long Island, onde os corpos de quatro homens, incluindo três adolescentes, foram encontrados mutilados em uma floresta, de acordo com a polícia.

    Pelo Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou a gangue de "perversa".

    Já o procurador-geral do país, Jeff Sessions, prometeu "dizimá-la".

    E ambos culparam a política de imigração da era Obama por sua ascensão.

    Mas o que é a MS-13? E qual seria a culpa de Obama?

    EXTREMA VIOLÊNCIA

    A MS-13 surgiu nos bairros de Los Angeles durante os anos 1980, formada por imigrantes que fugiram da longa e brutal guerra civil de El Salvador. Outros membros vieram de Honduras, Guatemala e México.

    MS significa "Mara Salvatrucha", uma combinação das palavras Mara ("gangue"), Salva ("Salvador") e trucha ("malandros da rua"). Já o número 13 representa a posição da letra M no alfabeto.

    A gangue ficou famosa por seus atos de violência extrema, como matar usando facões, por exemplo.

    De acordo com o FBI, a polícia federal americana, a MS-13 já está presente em 46 Estados americanos.

    Em 2012, o governo americano classificou a gangue como uma "organização criminosa transnacional".

    Foi a primeira gangue de rua a ser descrita dessa forma, equiparando-se, portanto, a grandes organizações criminosas internacionais, como a mexicana Zetas, a japonesa Yakuza e a italiana Camorra.

    RITUAIS DE INICIAÇÃO

    Segundo autoridades, a MS-13 recruta adolescentes pobres e em situação de risco.

    Para entrar no grupo, dizem relatos, passa-se por uma sessão de espancamento que dura 13 segundos. Além disso, é preciso praticar um crime, frequentemente um assassinato, para a gangue.

    Abandoná-la é ainda mais perigoso. Grandes tatuagens no peito marcam os membros por toda a vida, e algumas facções supostamente matam aqueles que tentam sair.

    Em 2008, segundo estimativas do FBI (polícia federal americana), a MS-13 tinha entre 6.000 e 10.000 membros.

    Mas agora já é maior fora do país. Após uma operação que reprimiu diversas gangues no fim da década de 1990, parte de seus integrantes foi enviada de volta a países da América Central, onde estabeleceram ramificações do grupo.

    Estudos estimam em 60 mil o número de integrantes da MS-13 na região.

    E suas receitas anuais seriam da ordem de US$ 31 milhões (R$ 98 milhões), a maior parte obtida por meio do tráfico de drogas e extorsão.

    "MATE, ESTUPRE, CONTROLE"

    Casos emblemáticos ligados recentemente à gangue incluem o assassinato de duas estudantes de Ensino Médio.

    Elas foram atacadas com um facão e um taco de beisebol quando atravessavam um bairro em Nova York no mês passado.

    O ataque teria sido motivado por vingança, informou a polícia. Quatro supostos membros da MS-13 foram indiciados pelo crime.

    No mesmo mês, outros dois supostos integrantes da organização criminosa em Houston, no Texas, foram acusados pelo sequestro de três adolescentes.

    As jovens foram mantidas reféns e estupradas antes de uma delas ter sido morta no acostamento de uma estrada.

    Segundo um especialista do FBI que investiga o grupo, o lema da MS-13 é "matar, estuprar e controlar".

    Nicholas Kamm - 02.mar.2017/AFP
    US Attorney General Jeff Sessions speaks during a press conference at the US Justice Department on March 2, 2017, in Washington DC. Sessions announced Thursday that he would recuse himself from any investigations into President Donald Trump's 2016 election campaign. But after receiving a strong endorsement from Trump, Sessions did not bow to pressure to step down over charges he lied to Congress about his contacts with the Russian ambassador before the election. / AFP PHOTO / Nicholas Kamm
    O procurador-geral e secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions

    CULPA DE OBAMA?

    Trump e Sessions culparam o ex-presidente americano Barack Obama pela ascensão da MS-13, alegando que sua política de "portas abertas" para a imigração acabou impulsionando o crescimento da gangue.

    Mas a organização criminosa se formou e floresceu nos Estados Unidos antes de Obama chegar ao poder.

    A MS-13 havia sido identificada como uma ameaça pelas autoridades nos anos 1990, e uma força-tarefa do FBI foi criada para investigar a gangue em 1994.

    "O maior crescimento se deu durante a era Bush-Cheney quando cresceu a imigração ilegal da América Central. Paralelamente, o governo aumentou a repressão contra essas organizações criminosas, superlotando as prisões, ao passo que os programas de reabilitação dos presos perderam financiamento", explicou Fulton Armstrong, pesquisador do Centro para Estudos Latino-americanos da American University, ao site Politifact.

    "Não vejo por que a administração Obama tem de ser culpada pela existência ou atividades dessa gangue nos Estados Unidos", completou Ioan Grillo, autor de um livro sobre gangues americanas.

    Obama também priorizou a deportação desses criminosos, incluindo integrantes da MS-13, mediante um programa de deportação agressivo.

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