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    Alemanha tem aumento de crimes cometidos por refugiados

    GUY CHAZAN
    DO "FINANCIAL TIMES", EM BERLIM

    25/04/2017 07h00

    A Alemanha verifica um grande aumento no número de crimes cometidos por pessoas que pediram asilo, fato que provavelmente será usado pelo partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD na sigla em alemão) em sua campanha nas eleições para o Parlamento, neste ano, contra a política liberal de Angela Merkel para os refugiados.

    Os números divulgados pelo Ministério do Interior mostram que cerca de 174 mil imigrantes de países de fora da UE foram suspeitos de praticar crimes no ano passado, um aumento de 52% em relação a 2015.

    A Alemanha admitiu mais de 1 milhão de refugiados desde 2015, muitos deles fugidos da guerra civil na Síria. As autoridades salientam que a vasta maioria é de pessoas pacíficas e cumpridoras da lei.

    Mas elas também identificaram um núcleo de infratores recalcitrantes que contribuíram para um pequeno aumento dos crimes violentos em 2016.

    A preocupação sobre as consequências da entrada de refugiados para a segurança interna cresceu, especialmente depois que um solicitante de asilo tunisiano com ligações com o grupo militante Estado Islâmico matou 12 pessoas, ao atirar um caminhão contra a multidão numa feira de Natal em Berlim no ano passado.

    Uma onda de ataques sexuais em Colônia na véspera de Ano-Novo de 2016, que teriam sido praticados por homens originários do norte da África, também alimentou temores de que o surto de imigração poderá provocar o crescimento dos índices de crimes sexuais.

    As estatísticas criminais, divulgadas nesta segunda-feira (24), mostram que os imigrantes foram responsáveis por 35% dos casos de pequenos furtos nas ruas, 11% dos assaltos a residências e quase 15% dos casos de danos corporais graves.

    "Os crimes cometidos por imigrantes [solicitantes de asilo] tiveram um aumento desproporcional no ano passado —não há nada que possamos maquiar", disse o ministro do interior da Alemanha, Thomas de Maizière.

    Segundo ele, no que se refere a crimes violentos, há "cerca de 90% mais suspeitos imigrantes em 2016" do que em 2015.

    De Maizière citou as condições de superlotação dos abrigos para refugiados como um fator que contribui para isso, assim como as tensões étnicas e religiosas "potencialmente explosivas" entre diferentes grupos de migrantes.

    Ele também notou que muitos refugiados são rapazes entre 18 e 21 anos —grupo em que a taxa de criminalidade, mesmo entre os alemães, é quatro vezes a da população média.

    O ministro reiterou a nova abordagem dura da Alemanha aos candidatos a asilo que cometem crimes. No ano passado o governo aumentou os poderes dos juízes para deportar cidadãos estrangeiros condenados por crimes sérios como agressão sexual.

    "Quem comete um crime sério aqui perde os direitos de residência", disse ele.

    Dos 2 milhões de suspeitos de praticar crimes registrados na Alemanha em 2016, 616 mil eram não alemães, ou cerca de 30% do total.

    Ao todo, houve uma ligeira queda no número de crimes registrados na Alemanha no ano passado, apesar do aumento da população resultante da entrada de refugiados.

    Mas houve um aumento de 6,7% em crimes violentos, fato que De Maizière descreveu como "um toque de despertar para todos nós". Os casos de assassinato e homicídios não dolosos aumentaram 14%, de estupro e ataque sexual, 13%, e de danos corporais graves, 10%. No entanto, houve menos crimes como arrombamentos, furtos em lojas e fraudes.

    Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

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