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    Embaixadas dos EUA publicam artigo promovendo resort de Trump

    GARDINER HARRIS
    DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

    25/04/2017 11h00

    O Departamento de Estado tem como uma de suas tarefas promover os interesses dos Estados Unidos no exterior, mas fazer o marketing de um clube particular pertencente ao presidente americano não fazia parte de seus deveres oficiais -até agora.

    Um artigo postado nos sites de muitas embaixadas dos EUA em várias partes do mundo ofereceu aos visitantes um guia de Mar-a-Lago, resort de luxo em Palm Beach, na Flórida, pertencente ao presidente Donald Trump e que virou uma espécie de "Casa Branca de inverno" em função da frequência com que é visitado por Trump.

    A presença do artigo foi flagrada por críticos, que se apressaram a buscar sinais de conflitos de interesse entre o presidente e seus negócios comerciais.

    O artigo foi removido na noite de segunda-feira (24) do site ShareAmerica, do Departamento de Estado, mas permaneceu nos sites de algumas embaixadas. Em seu lugar, uma nota dizia: "A intenção do artigo era informar o público sobre o local onde o presidente vem recebendo líderes mundiais. Lamentamos qualquer percepção equivocada e removemos a publicação."

    O artigo trazia uma descrição inequívoca do resort: "Quando a socialite Marjorie Merriweather Post, herdeira de uma fortuna cerealista, construiu Mar-a-Lago, em 1927, ela não poupou nenhuma despesa", diz o texto. "A mansão de 114 cômodos foi erguida num terreno de oito hectares, com o oceano Atlântico de um lado e uma via navegável do outro".

    Ainda segundo o artigo, Post deixou em seu testamento a propriedade para o governo federal, na esperança de que se tornasse uma residência de férias dos presidentes. Mas, quando nenhum presidente a usou para esse fim, o governo devolveu o imóvel.

    Segundo o artigo, Trump comprou a propriedade em 1985 e a abriu a sócios pagantes em 1995. Suas visitas presidenciais a Mar-a-Lago vieram "finalmente" realizar o sonho de Marjorie Post, diz o artigo.

    O texto rapidamente virou munição para críticos no Twitter.

    "Enquanto a Casa Branca planeja cortes profundos nos programas de combate à fome e de assistência externa, é tão bom ver o dinheiro do contribuinte sendo utilizado de modo responsável –para promover Mar-a-Lago", escreveu o deputado democrata Mark Takano, da Califórnia.

    Também no Twitter, o senador democrata Ron Wyden, do Oregon, perguntou: "Por que o $$ dos contribuintes está promovendo o clube de campo particular do presidente?" Mais tarde ele postou o artigo, dizendo: "Segue a publicação completa, em toda sua glória cleptocrata".

    Num briefing do Departamento de Estado, um porta-voz do departamento, Mark Toner, disse que não tinha informações sobre a razão de o artigo ter sido criado e postado por embaixadas pelo mundo afora. Após uma verificação rápida, foram vistos posts em sites e páginas de Facebook das embaixadas no Reino Unido e Albânia.

    Desde o início da administração Trump, estudiosos presidenciais e advogados especialistas em ética manifestaram receios sobre como Trump e seus familiares separariam seus interesses comerciais privados dos deveres oficiais do presidente.

    O site ShareAmerica, onde o artigo sobre Mar-a-Lago primeiro apareceu no início de abril, contém textos sobre vários aspectos da cultura americana, incluindo a primeira-dama, a feira do automóvel de Detroit, filhotes de guepardo e a rapper Mahogany Jones.

    Conflito de interesses

    Tradução de CLARA ALLAIN

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