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    Tecnologia deixa censura a jornalistas mais complexa e sofisticada, diz ONG

    DE SÃO PAULO

    26/04/2017 02h00

    Tida como potencial aliada da liberdade de expressão, a tecnologia não acabou com a censura, só a tornou mais complexa e sofisticada, diz a edição 2017 do relatório da ONG americana CPJ (Comitê de Proteção aos Jornalistas).

    A publicação descreve como governos, narcotraficantes e até facções terroristas têm usado a internet para atacar o direito à informação.

    Yasin Akgul - 9.abr.2017/AFP
    Mulher segura cartaz com a mensagem "O jornalismo não pode ser julgado" em protesto em Istambul
    Mulher segura cartaz com a mensagem "O jornalismo não pode ser julgado" em protesto em Istambul

    A chamada "repressão 2.0" é apresentada como uma combinação de antigas táticas, como a prisão de jornalistas (que chegou ao recorde de 259 em 2016), a novas, potencializadas pela tecnologia.

    Nesse segundo grupo estão o uso de sistemas de controle de informação, o monitoramento digital de críticos —e eventual bloqueio de sua atuação—, e a disseminação de notícias falsas.

    "Alguém ainda acredita no mantra utópico de que a informação quer ser livre e que é impossível censurar ou controlar a internet?", questiona Joel Simon, diretor do comitê.

    Entre os citados pela ameaça à informação estão, em destaque, China e Rússia.

    Moscou, além de lutar contra atuação digital da dissidência ao governo Putin, usa a internet para espalhar propaganda e manipular a opinião pública, diz o relatório.

    Já Pequim planeja um sistema de créditos para jornalistas que publicam conteúdo crítico em redes sociais, descreve a pesquisadora Yaquiu Wang. Os que receberem mais pontos podem ser financeiramente penalizados, com empréstimos negados e juros maiores, por exemplo.

    Um capítulo é dedicado aos EUA, em meio à preocupação com a disseminação de notícias falsas e com o clima de "hostilidade e intimidação" criado, diz a publicação, pela retórica agressiva do presidente Donald Trump.

    O CPJ cita também o uso das novas tecnologias por "forças violentas", como o Estado Islâmico e cartéis de traficantes de drogas, para se comunicar diretamente com o público, livrando-se da intermediação crítica da mídia.

    Pelo uso do arsenal repressivo mais conhecido, o governo turco recebe especial atenção especial, uma vez que o país exerce forte controle sobre a mídia e é o que mais prende jornalistas —81 dos 259 detidos, segundo comunicado do CPJ no fim de 2016.

    BRASIL

    O Brasil também é mencionado, em trecho sobre a violência contra jornalistas.

    "Quais as soluções para a censura assassina no México ou em qualquer das dezenas de outras democracias como Filipinas, Paquistão, Nigéria ou Brasil, onde a impunidade no assassinato de jornalistas é incontrolável (...)?"

    Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas, houve 161 casos de violência em 2016, sendo duas mortes.

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