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    Opinião

    Tentativa de golpe abriu espaço para melhora democracia turca

    ALI SAVUT
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    26/04/2017 02h00

    Murat Cetinmuhurdar - 23.abr.2017/Palácio Presidencial/Reuters
    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, posa com crianças no Dia da Soberania Nacional
    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, posa com crianças no Dia da Soberania Nacional

    Agradeço à Folha pela oportunidade de fazer algumas observações sobre o artigo de opinião de Yavuz Baydar, publicado na edição de 18 de abril do jornal, que tratou do referendo promovido na Turquia sobre um pacote de reformas constitucionais.

    Quero apresentar brevemente os seguintes pontos:

    – Tanto o campo do "sim" quanto o do "não" promoveram campanhas vigorosas até o referendo, realizado no dia 16 de abril. A nova Constituição de 18 artigos, que representou uma mudança no sistema parlamentar do país, visa levar mais segurança e prosperidade à Turquia graças ao enxugamento do poder Executivo.

    O campo que apoiou a reforma constitucional prevaleceu, com 51,4% dos votos.

    Este processo constitui uma mudança plenamente democrática no sistema político da Turquia. Com um índice exemplar de 85% de comparecimento dos eleitores às urnas, ninguém pode negar que essa transformação tenha sido baseada na vontade da população.

    – O novo sistema vai preservar os freios e contrapesos entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

    Portanto, as expressões acusatórias de Yavuz Baydar, suas declarações enviesadas, são simplesmente inaceitáveis. Sua tentativa de traçar paralelos entre o referendo de 1934 na Alemanha e a Turquia de hoje é absurda.

    Por outro lado, nota-se uma certa semelhança entre o referendo turco e o "brexit" britânico, em que a cidade multicultural de Londres, o centro financeiro e comercial do país, votou pela permanência na União Europeia, enquanto o Reino Unido como um todo optou pela saída da UE, por maioria de 51,9% dos votos.

    – Se hoje existe espaço para melhorias na democracia turca, isso se deve principalmente ao trauma provocado pela tentativa de golpe de 15 de julho de 2016 orquestrada pelos seguidores da seita gulenista [do clérigo exilado Fethullah Gulen], na qual 249 pessoas foram mortas e milhares ficaram feridas.

    Não é coincidência que o autor do dito artigo tenha se refugiado na França após a tentativa fracassada de golpe na Turquia, antes de ser objeto de acusações criminais por seus vínculos com a organização terrorista gulenista.

    ALI SAVUT é embaixador da Turquia no Brasil

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