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    Emmanuel Macron proíbe imprensa russa de cobrir sua campanha

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    28/04/2017 15h31

    Emmanuel Macron, o candidato de centro à Presidência da França, impediu que dois veículos russos tivessem acesso a sua campanha.

    Um porta-voz do movimento político Em Frente!, criado por Macron há um ano para concorrer ao cargo, descreveu a agência de notícias Sputnik, financiada pelo governo russo, e o canal RT como veículos de "fake news" ("notícias falsas").

    A agência Sputnik, por exemplo, havia dito em fevereiro que informações sobre a vida privada de Macron seriam em breve reveladas. O veículo citava um legislador francês afirmando que o candidato era um "fantoche das elites financeiras dos EUA".

    Ele foi a público dias depois desmentir boatos de um caso extra-conjugal com um homem. Ele é casado com Brigitte Trogneux, que foi professora em sua escola.

    Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse que a atitude de Macron era "ultrajante" ao negar o credenciamento de imprensa à Sputnik e ao RT no último domingo (23), dia do primeiro turno.

    Ela afirmou que, para o governo de Moscou, o impedimento foi uma "discriminação deliberada contra veículos russos por um candidato presidencial de um Estado que historicamente foi vigilante no que diz respeito à liberdade de expressão".

    A Rússia pediu que as autoridades francesas e organizações internacionais garantam a liberdade de imprensa no restante da campanha.

    Macron é hoje o favorito à Presidência francesa. O instuto Ifop-Fiducial prevê que ele teria 60% dos votos contra os 40% de Le Pen.

    Essa pesquisa, divulgada na sexta (28), foi realizada com 1.399 pessoas entre 25 e 28 de abril. A margem de erro é de 2,6 pontos percentuais em ambas as direções.

    SANÇÕES

    Há tensão entre as propostas de Macron e as de sua rival, a ultradireitista Marine Le Pen, em relação à Rússia. Ele quer sanções econômicas ainda mais duras, enquanto ela propõe que a França se reaproxime de Moscou.

    A Rússia apoiou a candidatura de Le Pen, assim como se entusiasmava também com outros dois candidatos do primeiro turno: o conservador François Fillon e o esquerdista Jean-Luc Mélenchon. Ambos propuseram estreitar os laços com o presidente russo, Vladimir Putin.

    Le Pen viajou à Rússia em março, onde se reuniu com Putin. Macron, por sua vez, divulgou um vídeo falando ao telefone com o ex-presidente Barack Obama.

    Macron e Le Pen divergem também em relação ao conflito entre Ucrânia e Rússia. O centrista favorece Kiev, a direitista prefere Moscou.

    Havia portanto ansiedade antes do primeiro turno quanto à possibilidade de que a Rússia tentasse intervir nesse pleito, cujo segundo turno será em 7 de maio.

    A campanha de Macron afirmou que os seus servidores e sites foram alvos de ataques vindos do território russo. O Kremlin nega.

    Richard Ferrand, um dos líderes do movimento Em Frente!, relatou em fevereiro "centenas e mesmo milhares" de ações de hackers, com notícias "afetando a nossa vida democrática".

    Houve acusações semelhantes em 2016 durante as eleições americanas, em que o republicano Donald Trump foi eleito. O tema se repetiu em março, nas eleições holandesas, e voltará à tona no pleito alemão de setembro.

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