O presidente dos EUA, Donald Trump, convidou seu colega filipino, Rodrigo Duterte, para uma visita a Washington, informou neste sábado (29) a Casa Branca.

"Foi uma conversa muito amistosa, na qual os governantes discutiram as preocupações da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) sobre segurança regional, incluindo a ameaça da Coreia do Norte", disse o comunicado do governo americano.

A Coreia do Norte tentou realizar um novo lançamento de míssil –que falhou– um dia após Washington pressionar ante o Conselho de Segurança da ONU para reforçar as sanções internacionais contra Pyongyang devido a sua "ameaça nuclear".

Os dois líderes também "discutiram o fato de o governo filipino estar lutando duramente para livrar seu país das drogas, um flagelo que afeta muitos países em todo o mundo", acrescentou a nota.

"O presidente Trump também convidou o presidente Duterte à Casa Branca para discutir a importância da aliança entre EUA e Filipinas, que agora está em uma direção muito positiva."

O porta-voz de Duterte, Ernesto Abella, confirmou o convite de Trump, sem informar uma data para a visita.

O convite do presidente americano foi criticado por grupos de direitos humanos. "Por essencialmente endossar a guerra assassina de Duterte contra as drogas, Trump é agora moralmente cúmplice em futuras mortes", disse John Sifton, diretor da ONG Human Rights Watch para a Ásia.

"Embora os traços de sua personalidade provavelmente tornem isso impossível, Donald Trump deveria ter vergonha de si mesmo", acrescentou Sifton.

POLÊMICO

Duterte foi eleito com a promessa de acabar com as drogas nas Filipinas. Desde que tomou posse, em julho de 2016, mais de 7.000 pessoas foram mortas, segundo dados oficiais (entidades de direitos humanos falam em mais de 8.000). Em média, 37 pessoas são mortas por dia no país.

Já em sua campanha eleitoral, ele ganhou as manchetes nas Filipinas e no mundo todo ao prometer matar mais de 100 mil pessoas envolvidas com drogas e por insultar o então presidente dos EUA Barack Obama, o embaixador americano em Manila e o papa Francisco.

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Além dos discursos destemperados, houve ações concretas.

Duterte incentivou ações policiais violentas declarando mais de uma vez que policiais que matassem em "legítima defesa" não seriam punidos, elevando a mais de 2.000 em seis meses os casos de mortes supostamente em confrontos, como mostrou a Folha em reportagem especial sobre as Filipinas.

Testemunhas negam que tenha havido reação na maior parte dos casos.

O presidente também patrocinou a volta da pena de morte no país para crimes relacionados a entorpecentes. Aprovada na Câmara, ela tramita agora no Senado.