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    Morre mais uma pessoa em protestos na Venezuela

    DA AFP

    03/05/2017 10h06

    Um jovem de 21 anos morreu nesta terça-feira (2) durante uma "tentativa de saque" em Valencia, na Venezuela, após um protesto contra o presidente Nicolás Maduro.

    Com isso, chegam a 31 o número de vítimas durante as manifestações contra o governo –iniciadas há pouco mais de um mês–, de acordo com um balanço da Procuradoria do país.

    No Twitter, o Ministério Público do país disse que o jovem morreu em "situação irregular" que está sendo investigada.

    "Lamentamos profundamente a morte deste jovem ocorrida durante a noite desta terça-feira na Av. Villa Florida de Valencia", estado Carabobo, declarou o órgão.

    Segundo a imprensa local, após um protesto da oposição começaram distúrbios e tentativas de saques, e o proprietário de um estabelecimento que iria ser roubado atirou contra várias pessoas, matando o jovem.

    Há relatos ainda de outras mortes, mas ainda não houve confirmação das autoridades.

    Nesta quarta, a oposição venezuelana tomará novamente as ruas de Caracas, desta vez para protestar contra a convocação de Maduro de uma Assembleia Constituinte, considerada por ela uma "fraude" para evitar eleições e se reforçar no poder.

    Sob o lema "Contra a fraude constituinte", a liderança opositora convocou seus seguidores a se concentrar em uma estrada estratégica no leste de Caracas para posteriormente marchar rumo a um local que não quis revelar.

    "Todas as ditaduras caem. Esta pantomima que deseja convocar não pode tirar nossa maior força: o povo na rua", declarou Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, único poder do Estado controlado pela oposição.

    Pressionado após um mês de protestos opositores que exigiam eleições gerais, Maduro convocou na segunda-feira uma Assembleia Nacional Constituinte "popular", cujos 500 membros da assembleia serão eleitos por setores sociais e municípios.

    "É uma fraude madurista. Como não podem vencer as eleições, querem impor o modelo eleitoral cubano para permanecer no poder", afirmou o líder da oposição Henrique Capriles, ao encorajar seus seguidores a protestar.

    Nenhuma das marchas realizadas pela oposição desde 1º de abril conseguiu chegar ao centro de Caracas –onde se localizam as sedes dos poderes públicos– já que a multidão é bloqueadas e dispersada com gás lacrimogêneo pelas forças de segurança.

    Os protestos acontecem em meio a uma grave crise econômica que minou a popularidade de Maduro, cuja gestão é rejeitada, segundo pesquisas privadas, por mais de 70% dos venezuelanos, cansados da escassez de alimentos e medicamentos, da inflação mais alta do mundo e da criminalidade.

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    Entenda

    Assembleia Constituinte na Venezuela

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    1) Como o presidente Nicolás Maduro justifica a convocação da nova Assembleia Constituinte?
    Ele diz que a Constituinte servirá para obter a paz, derrotar "o golpe fascista", como se refere aos protestos da oposição e à pressão internacional, para que seja a população a responsável pelo que chama de refundar a república

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    2) O presidente pode convocar sozinho uma nova Constituinte?
    Sim. O artigo 348 da atual Constituição dá aval ao titular do Poder Executivo a chamá-la. Também podem fazê-lo a Assembleia Nacional (com dois terços de seus integrantes), as Câmaras Municipais (com dois terços dos municípios) e a população, desde que consiga 15% do eleitorado

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    3) A Venezuela terá uma nova Constituição?
    Embora a convocação sugira a redação de uma nova lei máxima, ainda não se sabe. Os próprios dirigentes chavistas se dividem entre dizer que será uma reforma ou uma lei completamente nova

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    4) Existe uma lei que determine como deve ser feito o processo?
    Não. Uma comissão do governo enviará as regras para a avaliação do Conselho Nacional Eleitoral (cuja maioria da diretoria é de aliados do chavismo)

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    5) A convocação precisa passar por plebiscito?
    Não, embora Hugo Chávez tenha recorrido à consulta popular em 1999

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    6) Como será composta a nova Assembleia?
    Maduro diz que serão 500 representantes, vindos de setores sociais e regionais, sem a participação de partidos políticos; isso, dizem juristas, viola a Constituição ao ser rompida a representatividade política

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    7) Quem poderá se candidatar à Constituinte?
    Também não se sabe, embora com o uso da expressão "comunitária", Maduro tenha dado a entender que a maioria dos candidatos viria dos conselhos comunitários, instâncias fundadas e, em sua maioria dominadas, pelo chavismo

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    8) A oposição poderia ter candidatos?
    Isso também é incerto. A participação dos rivais de Maduro se complicaria se o CNE permitisse que a eleição se realize sem partidos, como quer o governo. O órgão ainda pode ilegalizar siglas opositoras por meio de uma revalidação de partidos que acontece desde fevereiro, assim como a Justiça pode declará-los inelegíveis, como ocorreu com Henrique Capriles

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    9) Por que a oposição considera a medida um golpe de Estado?
    O presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, considera que uma constituinte comunitária e sem partidos "não representa o povo". Também consideram que caberia ao Legislativo aprovar uma reforma constitucional, como encaram a medida

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    10) Como ficam as eleições regionais e presidenciais?
    Só acontecem após aprovada a nova Constituição

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