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    Governo Trump

    Ala moderada do Partido Republicano é desafio para 'Trumpcare'

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    06/05/2017 02h20

    Vencido o obstáculo na Câmara na última quinta (4), agora é hora de o governo de Donald Trump mirar a apertada maioria de seu partido no Senado para tentar cumprir sua promessa de campanha de substituir o Obamacare.

    Só que, depois de ceder à pressão da ala mais conservadora para obter a aprovação da Lei de Saúde Americana entre os deputados, Trump terá agora que cortejar senadores republicanos mais moderados, preocupados com o impacto das mudanças sobre a cobertura de saúde para os mais pobres e os mais velhos.

    Carlos Barria - 4.mai.2017/Reuters
    O presidente Donald Trump sorri ao lado dos legisladores após aprovação do fim do Obamacare
    O presidente Donald Trump sorri ao lado dos legisladores após aprovação do fim do Obamacare

    Membros da liderança republicana no Senado, como Roy Blunt, do Missouri, já declararam que os senadores do partido vão querer redigir sua própria lei. Para isso, um pequeno grupo começou a se reunir, na quinta, com o líder da maioria na casa, Mitch McConnell, para definir as "prioridades" dos senadores.

    De acordo com John Cornyn, vice-líder republicano no Senado, o grupo é plural o bastante para representar os diferentes pontos de vista dos parlamentares do partido na casa.

    Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress

    Nesta sexta (5), a Casa Branca, tentou demonstrar confiança quanto à tramitação do projeto no Senado e ao poder de persuasão de Trump. "Nunca devemos subestimar este presidente", disse a vice-porta-voz Sarah Huckabee Sanders. "Ele já demonstrou várias vezes que, se está comprometido com algo, ele vai fazer."

    Na manhã desta sexta, Trump ainda celebrava a conquista na Câmara. No fim de março, ele havia recuado e pedido que a liderança republicana desistisse da votação na casa por não ter os 216 votos para passar o texto, apesar do partido ter 237 assentos.

    "Grande vitória na Câmara –muito empolgante!", escreveu. No dia anterior, disse estar confiante de que o Senado aprovará o texto. "Temos vários grupos, mas todos eles se uniram", afirmou.

    Os números, porém, não confirmam isso. De fato, o governo Trump —em especial, seu chefe de gabinete, Reince Priebus— conseguiu convencer pelo menos 15 membros da bancada mais conservadora "Caucus da Liberdade" a mudarem sua posição e votarem a favor do texto.

    No entanto, 20 republicanos —mais moderados, em sua maioria— ainda se alinharam com os democratas contra o projeto.

    PREOCUPAÇÕES

    Não se sabe o quanto o texto do Senado se parecerá com o que foi aprovado com só um voto a mais que o necessário na Câmara. Alguns pontos, porém, certamente serão revistos. Entre eles, está a falta de garantia de plano de saúde para pessoas com doenças preexistentes.

    Outro item que preocupa republicanos moderados é a concessão feita por Trump aos deputados do "Caucus da Liberdade" que tira a obrigatoriedade de planos oferecerem "benefícios essenciais", como atendimentos emergenciais e cuidado pré-natal.

    É, porém, o impacto do texto aprovado sobre o Medicaid (programa público para os mais pobres), que mais enfrenta resistência, especialmente entre os republicanos de Estados que expandiram a cobertura do programa nos últimos anos, sob o Obamacare.

    O "Trumpcare", como vem sendo chamada a lei republicana, prevê a redução dos recursos federais para que os Estados ampliem a cobertura pelo Medicaid —e seu corte total a partir de 2020.

    "Não podemos puxar o tapete de Estados como Nevada, que expandiu o Medicaid, e precisamos de garantias de que as pessoas com doenças preexistentes estarão protegidas", disse o senador republicano Dean Heller, que disputará a reeleição para o posto de Nevada em 2018, ao "New York Times". Os republicanos ocupam 52 dos cem assentos no Senado, e qualquer voto do partido será fundamental na soma final.

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