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    Manifestantes destroem estátua de Chávez em protestos na Venezuela

    DA AFP

    06/05/2017 10h23

    Reprodução/Twitter
    Manifestantes destroem estátua de Chávez em protestos na Venezuela
    Manifestantes destroem estátua de Chávez em protestos na Venezuela

    Vídeos divulgados na internet mostraram o momento em que uma estátua do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez foi destruída nesta sexta-feira (5), em Rosario de Perijá (oeste), durante protestos da oposição contra o presidente Nicolás Maduro.

    Um grupo de pessoas, especialmente estudantes de ensino médio, queimou e derrubou com violência a efígie de concreto até arrancá-la do pedestal em uma praça pública do município, segundo as imagens que viralizaram nas redes sociais.

    Depois, dois homens tiraram o monumento da esplanada e o jogaram repetidas vezes no chão até deixá-lo em pedaços, diante do olhar de dezenas de transeuntes.

    A estátua mostra Chávez, que governou a Venezuela de 1999 a 2013, fazendo uma saudação militar com a faixa presidencial.

    vídeo chavez

    A imagem foi destruída após confrontos entre militares e opositores em Rosario de Perijá. Os distúrbios se estenderam até a cidade próxima de Machiques.

    Os manifestantes rejeitavam a convocação, por parte de Nicolás Maduro, de uma Assembleia Constituinte e exigiam uma "prova de vida" do líder opositor Leopoldo López que está detido. Segundo sua família, ele está incomunicável há um mês.

    Também houve confrontos em Villa de Rosario, na mesma área, danificando a sede da prefeitura.

    Pelo menos dez pessoas foram detidas por militares da Guarda Nacional Bolivariana.

    As manifestações foram reprimidas com gás lacrimogêneo.

    Este foi o segundo dia de protestos nesta semana, na região de Perijá, que abarca os municípios de Machiques e Rosario.

    Palácio de Miraflores - 14.fev.2017/AFP
    Venezuela's President Nicolas Maduro holds an image of Venezuela's late President Hugo Chavez as he speaks during a meeting with governors in Caracas, Venezuela February 14, 2017. Miraflores Palace/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. EDITORIAL USE ONLY. ORG XMIT: VEN05
    Presidente Nicolás Maduro segura retrato de Hugo Chávez

    PROTESTOS CONTRA MADURO

    A oposição venezuelana continua neste fim de semana sua pressão nas ruas contra Maduro.

    Mais duas pessoas morreram nesta sexta (5) após serem baleados em protestos na Venezuela, elevando para 37 o número de óbitos na onda de manifestações contra o presidente Nicolás Maduro, iniciada em abril.

    "Isso é vandalismo. Se aproveitam dos protestos para sair para roubar. Foram roubadas quase todas as comidas. Agora o que comemos?", disse Magaly Oliveros, dona de casa de 64 anos, em Valencia, 160 km ao oeste de Caracas.

    Os saques aconteceram também em outras cidades e, preocupados com novos episódios de violência, muitos se abastecem em postos de gasolina e supermercados.

    Em Caracas, um grupo de estudantes se manifestou nesta sexta na Universidade Central, mas não caminharam até o Ministério do Interior, aonde não puderam chegar na quinta-feira porque a polícia os impediu com bombas de gás lacrimogêneo, o que resultou em uma batalha campal na qual jovens encapuzados responderam com coquetéis molotov e pedras.

    Os opositores preparam para o sábado uma marcha de mulheres que —vestidas de branco— tentarão chegar à sede do Ministério de Interior, no centro de Caracas, para exigir o fim do que denunciam como uma "selvagem repressão".

    "O regime está caindo. Não tem força e está mostrando o pior que tem, usando as armas porque não têm razão", disse Lilian Tintori no portão da prisão de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, onde exige que a deixem ver seu marido, o opositor Leopoldo López, incomunicável há 33 dias.

    Os protestos acontecem em meio ao colapso econômico que gera uma severa escassez de alimentos e medicamentos, e a inflação mais alta do mundo, que teria chegado aos 720% em 2017, segundo o FMI. Mais de 70% dos venezuelanos, segundo pesquisas privadas, rejeitam a gestão de Maduro.

    "A batalha é entre a maioria e a força. A maioria termina com mais feridos, mas a força com uma profunda e irremediável ferida moral", comentou o analista Luis Vicente León.

    Ronaldo Schemidt/AFP
    Prateleiras são destruídas em saque a supermercado de Valencia, no Estado Carabobo, na Venezuela
    Prateleiras são destruídas em saque a supermercado de Valencia, no Estado Carabobo, na Venezuela

    GUERRA E PAZ

    A oposição exige a convocação de eleições-gerais. No entanto, Maduro apresentou na quarta-feira (3) ao Poder Eleitoral o decreto de convocatória a uma Assembleia Nacional Constituinte, que segundo seus adversários busca driblar as eleições de governadores e prefeitos este ano e as presidenciais em 2018.

    Maduro diz que a Constituinte permitirá "reconciliar" o país e frear o que chama de "avanço da direita opositora" que busca derrotá-lo e propiciar uma intervenção dos Estados Unidos para se apropriar da riqueza petrolífera do país sul-americano.

    "Não nos resta alternativa: convocar o povo e que ele decida o destino da pátria. A guerra ou a paz", declarou nesta sexta Elías Jaua, que dirige uma comissão presidencial para discutir com todos os setores sociais o alcance da Constituinte.

    Maduro garante que seu projeto tenta "reforçar" a Constituição impulsionada pelo falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) para aprofundar a revolução, e que será uma Constituinte "popular" e não "de elites nem partidos".

    Segundo o mandatário, ela será integrada por 500 pessoas, metade delas escolhidas por setores sociais e a outra pela circunscrição municipal, o que segundo especialistas fará que o voto não seja universal.

    "Há uma elite que desconhece essa força popular,revolucionária que é o chavismo. Vamos deixar claro que não permitiremos que aqui se instale um regime fascista", advertiu Jaua.

    A chanceler Delcy Rodríguez se reúne nessa sexta-feira com o corpo diplomático, e Jaua citou a oposição para a segunda-feira.

    "Não vamos aceitar a fraude madurista", declarou o líder opositor Henrique Capriles.

    A oposição assegura que essa iniciativa consolida o "golpe de Estado", que segundo diz iniciou quando a mais alta corte do país assumiu temporariamente no final de março as funções do Parlamento, único poder público que controla.

    O fato, que é interpretado por alguns analistas como fissuras no chavismo, a procuradora-geral, Luisa Ortega, chavista assumida, condenou a repressão dos protestos e a proposta de Maduro de reformar a Constituição, em uma recente entrevista com o jornal americano The Wall Street Journal.

    Segundo Capriles, 85 militares foram detidos por discordar da "repressão" aos protestos.

    O líder opositor revelou que vários militares, incluindo jovens sargentos e capitães, estão detidos na direção de contrainteligência militar em Caracas, a maioria procedente do Exército.

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