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    Mulheres venezuelanas marcham contra a repressão e pela paz

    DA AFP

    06/05/2017 14h24 - Atualizado às 21h15

    Federico Parra/AFP
    Venezuelanas nas ruas de Caracas, capital do país, em protesto contra o governo de Nicolás Maduro
    Venezuelanas nas ruas de Caracas, capital do país, em protesto contra o governo de Nicolás Maduro

    As mulheres saíram às ruas neste sábado (6) na Venezuela em uma marcha para exigir o fim do que chamam de "selvagem repressão" do governo chavista aos opositores e para pedir o fim da violência.

    Lideradas por deputadas e outras líderes da oposição, centenas de mulheres marcharam até a sede do ministério do Interior e da Justiça, no centro de Caracas, para rejeitar a atuação das forças de segurança, que dispersam com frequência os protestos contra o governo com gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água.

    Manifestações similares foram convocadas em outras cidades.

    Os protestos contra o presidente Nicolás Maduro, exigindo eleições gerais como solução para a crise política e econômica no país, deixaram 37 mortos e centenas de feridos e detidos, de acordo com a Procuradoria.

    "A ditadura vive seus dias finais e Maduro sabe. Por essa razão, vemos esses níveis sem precedentes de repressão. Então, hoje é a vez das mulheres avançarem", disse a ex-parlamentar María Corina Machado.

    No caminho, um cordão militar reforçado por policiais impediu o avanço da marcha, mas a vice-ministra venezuelana, Rosaura Navas, do Ministério do Interior e da Justiça, aproximou-se da barreira militar e ouviu as exigências das parlamentares.

    "A única solução para esse conflito é que permitam que os venezuelanos votem (...) Queremos que se comprometam a pôr fim à repressão", disse a congressista Marialbert Barrios a Navas.

    A vice-ministra ouviu as deputadas por alguns minutos, recebeu os cartazes que condenam a "repressão" e saiu.

    Várias mulheres mostraram os seios em sinal de protesto. "Não temos escopetas, nossas armas são as tetas", gritavam, em coro, para os militares.

    Depois que a vice-ministra se retirou, as opositoras também começaram a esvaziar o local. Não há registro de incidentes.

    Por sua vez, Asia Villegas, vice-ministra da Igualdade de Gênero, disse que as mulheres oficialistas caminhariam até a Defensoria Púbica, igualmente no centro da capital, onde os protestos da oposição não conseguem chegar.

    "Nós não queremos propiciar a guerra, estamos comprometidos com a paz", declarou Villegas na mobilização, que iria entregar um documento com denúncias de mulheres que foram "vítimas do fascismo", como o governo se refere às ações da oposição.

    ELEIÇÕES

    Maduro descarta convocar eleições gerais. Em vez disso, entregou na quarta-feira passada um decreto de convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para reformar a Constituição.

    Metade dos 500 membros da assembleia seriam eleitos por setores —que a oposição diz que são controlados pelo governo— e metade pelo voto municipal.

    De acordo com o líder da oposição Henrique Capriles, com a sua Constituinte Maduro pretende apenas evitar as eleições.

    A Constituinte "acaba por não ser uma eleição democrática, universal, direta e secreta", afirmou Capriles.

    Maduro, por sua vez, argumenta que a Constituinte "conciliaria" o país e reduziria o que chama de "ofensiva da direita opositora", que segundo ele pretende derrubá-lo e propiciar uma intervenção dos Estados Unidos para se apropriar das maiores reservas de petróleo do mundo.

    Embaixadores da OEA (Organização dos Estados Americanos) afirmaram em Washington que os planos para uma reunião de chanceleres estão sendo mantidos para discutir a crise na Venezuela, apesar da decisão de Maduro de deixar o bloco.

    Julio Borges, presidente do Parlamento de maioria opositora, reuniu-se na quinta-feira com o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, e com o vice-presidente americano Mike Pence, para explicar a "grave situação que existe na Venezuela pela ruptura da ordem constitucional e violação dos direitos humanos".

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