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    Ex-premiê socialista quer concorrer ao Parlamento pela sigla de Macron

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    09/05/2017 08h35 - Atualizado às 00h54

    Philippe Wojazer/Reuters
    Primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anuncia medidas para atrair empresas
    O ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls

    Após a derrota de seu candidato ainda no primeiro turno das eleições presidenciais francesas, o Partido Socialista sofreu outro baque nesta terça-feira (8) com a deserção do ex-premiê Manuel Valls.

    Valls, que foi premiê de François Hollande de 2014 a 2016, anunciou querer concorrer às legislativas de junho representando outra sigla: o movimento República Em Frente!, do presidente eleito, Emmanuel Macron.

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    ELEIÇÃO

    > Ocorre em dois turnos (este ano, em 11 e 18 de junho), para um mandato de cinco anos
    > Cada deputado representa um dos 577 distritos eleitorais, divididos entre França continental e territórios ultramarinos

    1º turno
    > O candidato é eleito se obtiver ao menos 50% dos votos, com comparecimento mínimo de 25% dos eleitores registrados em cada distrito
    > Se ninguém alcançar os 50%, vão para o 2º turno aqueles que conseguirem número de votos equivalente a 12,5% ou mais do total de eleitores registrados. Se essa condição tampouco for atingida, seguem na disputa apenas os dois candidatos mais bem votados

    2º turno
    > Vence o candidato mais votado, sem exigência de porcentual mínimo

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    É a primeira deserção de peso em um partido que precisará se reinventar diante da impopularidade recorde de Hollande e da derrota de Benoît Hamon, que recebeu 6% dos votos no primeiro turno.

    "Esse Partido Socialista está morto. Ficou para trás", Valls disse em uma entrevista. Ele afirmou que a sigla de esquerda deve agora reavaliar seus rumos, mas, no ínterim, precisa garantir que Macron tenha a maioria necessária para governar.

    O diagnóstico foi repetido Didier Guillaume, líder dos socialistas no Senado, que afirmou também que "o Partido Socialista está morto". "Receber 5% ou 6% dos votos nas eleições presidenciais foi a certidão de óbito."

    Um porta-voz do movimento de Macron disse ainda não estar confirmado que o ex-premiê será um de seus 577 candidatos nas eleições legislativas. A lista será anunciada nesta quinta (11).

    "Tenho muito respeito por Valls, mas a nomeação não é algo automático", afirmou Christophe Castaner.

    Valls e Macron –que toma posse neste domingo (14)– têm visões semelhantes ao, por exemplo, defenderem políticas mais próximas do empresariado. Eles estiveram por trás das decisões do governo que afastaram de Hollande os eleitores tradicionais de esquerda, como as reformas na lei trabalhista.

    O apoio de Valls à República Em Frente! pode ser auspicioso, agora que Macron se prepara para as legislações legislativas de 11 e 18 de junho. O movimento centrista não tem hoje nenhum parlamentar e precisará, para governar, de uma maioria ou uma coalizão.

    Há, no entanto, reveses de se tornar um ímã de políticos socialistas. Caso atraia muitos deles, o presidente eleito reforçará a impressão entre seus detratores de que seu governo dará continuidade à gestão de Hollande.

    O mesmo vale para o apoio de conservadores. Algumas das principais figuras dos Republicanos já se aproximam de Macron, como o prefeito de Bordeaux, Alain Juppé. "Precisamos ajudar a França a ter sucesso", disse na terça, apoiando as reformas propostas pelo novo presidente.

    Macron foi eleito após convencer parte da população da necessidade de renovar a política e o sistema —o que será difícil fazer agregando figuras do governo.

    DISTRIBUIÇÃO DOS VOTOSMacron foi derrotado por Le Pen no norte e no sudeste da França

    Uma de suas promessas é, portanto, que metade de seus candidatos às legislativas serão novatos na política. Como ele, aliás. Aos 39 anos, o mais jovem presidente eleito do país nunca havia participado antes de uma eleição.

    Valls disse, em seu anúncio, que pretende manter sua filiação ao Partido Socialista. "Sou um homem de esquerda e continuo sendo um socialista. Não vou renegar 30 anos de minha vida política."

    Mas o secretário do partido, Jean-Christophe Cambadélis, disse será "impossível" o ex-premiê seguir membro da sigla e ao mesmo tempo representar a República Em Frente! nas legislativas.

    Em círculos socialistas, a declaração de Valls foi interpretada e o fato de seu anúncio coincidir com o debate do partido em Paris para definir sua lista de candidatos e nova plataforma de campanha foram mal recebidos.

    Evocando personagens símbolo da traição, o porta-voz de Benoît Hamon disse esperar que "Brutus e Judas não peçam candidatura [pelo movimento de Macron]".

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