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    Erdogan pede que EUA revertam 'sem demora' envio de armas a curdos

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    10/05/2017 09h03 - Atualizado às 15h46

    Reprodução/APTV/Associated Press
    Frame de vídeo divulgado pela milícia curda YPG (Unidades de Proteção Popular) mostra blindados dos EUA
    Frame de vídeo da milícia curda YPG (Unidades de Proteção Popular) mostra blindados dos EUA

    O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu nesta quarta-feira (10) que os Estados Unidos revertam "sem demora" sua decisão de enviar armas para as milícias curdas que lutam contra a facção radical Estado Islâmico no norte da Síria.

    "Gostaria muito que [os EUA] voltassem atrás nesse erro sem demora", disse Erdogan durante uma coletiva de imprensa, acrescentando que expressaria "suas preocupações" ao presidente americano Donald Trump durante uma visita a Washington em 16 de maio.

    O presidente turco também afirmou querer "acreditar que nossos aliados irão escolher permanecer ao nossa lado, e não ao lado de organizações terroristas" e que "combater um grupo terrorista ajudando um outro grupo terrorista é um erro".

    A decisão da Casa Branca de autorizar o Pentágono a fornecer armas às Unidades de Proteção do Povo curdo (YPG), que Ancara considera um grupo "terrorista", foi anunciada nesta terça-feira.

    O aumento da tensão entre Washington e Ancara coincide com a visita a Washington do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, nesta quarta-feira, com o objetivo de obter o apoio dos Estados Unidos para um projeto destinado a reduzir a violência na Síria.

    "Está fora de questão que aceitemos" o fornecimento de armas às YPG, reagiu também nesta quarta-feira o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, acrescentando que não entendia que "os Estados Unidos escolhessem entre nossas relações estratégicas e uma organização terrorista".

    Apesar da indignação turca, o chefe do Pentágono, Jim Mattis, disse ter confiança na capacidade de Washington de "dissipar todas as preocupações" da Turquia. "Trabalharemos muito estreitamente (...) para apoiar sua segurança na fronteira" com a Síria, afirmou.

    YPG

    As YPG são uma parte essencial das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança de combatentes curdos e árabes considerada por Washington como a força local mais eficaz para enfrentar o EI.

    A Turquia, no entanto, considera as YPG o braço sírio dos separatistas curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado um grupo "terrorista" por Ancara e seus aliados ocidentais.

    "As YPG e o PKK são grupos terroristas, não existe nenhuma diferença entre eles. E cada arma enviada representa uma ameaça para a Turquia", declarou o chanceler turco, Mevlüt Cavusoglu.

    Nos últimos meses, o governo de Erdogan intensificou sua campanha para conter o avanço dos curdos na Síria e chegou a bombardear posições das FDS, matando combatentes apoiados pelos Estados Unidos.

    O tema abalou as relações entre Estados Unidos e Turquia, dois membros importantes da Otan e da coalizão internacional que luta contra os jihadistas, ao mesmo tempo que ilustra a complexidade do conflito sírio, principalmente na região norte do país.

    O distanciamento das estratégias dos Estados Unidos e da Turquia para o conflito na Síria deve contribuir para aproximar ainda mais o governo Erdogan e a Rússia, que apoia o regime do ditador sírio, Bashar al-Assad.

    Embora a Turquia seja inimiga do regime de Assad e deseje sua deposição, o governo de Erdogan pode passar a aceitar sua permanência no poder em troca do apoio da Rússia para conter os curdos.

    Ancara e Moscou, embora de lados opostos no conflito sírio, aumentaram a cooperação recentemente e na semana passada patrocinaram um memorando para criar "zonas de distensão" destinadas a reduzir a violência na Síria, conflito que deixou mais de 450 mil mortos desde 2011.

    REPRESA

    Nesta quarta, combatentes das Forças Democráticas Sírias tomaram a cidade de Tabqa e sua represa da facção extremista Estado Islâmico, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

    A cidade é a última antes de Raqqa, reduto do EI, e objetivo final da ofensiva lançada pela aliança de combatentes curdos e árabes sírios.

    Um conselheiro das FDS, Nasser al-Hajj Mansur, confirmou a tomada da cidade estratégica e da represa.

    Curdos

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